(Foto: Luiz Carlos Lima)

Doutoranda Francisca Cristina de Oliveira Pires, traçou comparações, a partir de perfil, formação e prática, sobre qual deveria ser o papel dos tutores e o que acontece na realidade  (Foto: Luiz Carlos Lima)

A prática da tutoria da Educação a Distância, assim como seu perfil e formação foram analisadas pela doutoranda Francisca Cristina de Oliveira Pires, em pesquisa realizada no Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A tese “Dimensões da tutoria da educação a distância: o que é oficial e o que é real?” foi defendida nesta terça-feira, 28. A pesquisa foi feita nas universidades federais mineiras ligadas ao sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), que contam com Centro de Educação a Distância (Cead).

O trabalho faz uma comparação, a partir das dimensões perfil, formação e prática, entre o parecer oficial, contido em documentos, sobre qual deveria ser o papel dos tutores no ensino a distância, e a realidade dessa atuação. O estudo constatou que, na dimensão do perfil, as duas instâncias, do real e do oficial são iguais, uma vez que a legislação já dita qual deve ser o perfil do tutor. Entretanto, foram apontadas dissonâncias em relação às dimensões da formação e da prática.

“Na prática, por exemplo, a legislação determina que o tutor deve apoiar o professor, mas na verdade, vi que o tutor desempenha várias atividades solitariamente. O tutor tem um sobretrabalho, mesmo recebendo uma bolsa inferior à bolsa do professor. No entanto, para nenhum concurso essa experiência como tutor é considerada experiência em docência”, assinala Francisca.

Para investigar o tema, a pesquisadora aplicou questionários, que foram disponibilizados online, com questões específicas e em comum, aos tutores, aos coordenadores de cursos e de tutoria, aos professores e aos alunos. O instrumento abordou questões voltadas ao perfil do tutor, como sua situação social e econômica, formação acadêmica e percurso profissional. A doutoranda explica que a ideia foi entrecruzar as respostas de diferentes atores a uma mesma pergunta a fim de garantir uma visão panorâmica e detalhada da situação. Além dos questionários, ela valeu-se de consultas com profissionais, documentos e legislação nacional.

A orientadora Maria da Assunção Calderano atenta para a necessidade de uma integração entre a formação iniciada e continuada, a partir de uma institucionalização dessa formação para aqueles que trabalham na educação a distância. “Tem que haver uma desnaturalização da ideia de que todos os profissionais do ensino presencial podem trabalhar no ensino a distância. Conhecer o conteúdo não é suficiente. É preciso combinar elementos de conteúdos específicos e metodologia específica”.

A professora observa ainda que questões como as condições de trabalho do docente e o reconhecimento do tutor, bem como a importância da docência compartilhada ganham visibilidade a partir do estudo. “É preciso entender que o tutor não pode e não deve atuar separado do professor. Sem esse compartilhamento, o trabalho fica fragmentado e isso desqualifica a educação a distância. Eu acredito na educação a distância desde que trabalhada com qualidade e com os diversos agentes que devem ser envolvidos”, pontua.

Contatos:
Francisca Cristina de Oliveira Pires (Doutoranda)
franpires26@gmail.com

Maria da Assunção Calderano (Orientadora)
assuncao.calderano@gmail.com

Banca avaliadora:
Magali Aparecida Silvestre (Unifesp)
Lecir Jacinto Barbacovi (Faculdade Metodista Granbery)
Ilka Schapper Santos (UFJF)
Núbia Aparecida Schapper Santos (UFJF)

Outras informações:
(32) 2102 – 3665 (Programa de Pós-graduação em Educação da UFJF)