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Entrevista com a Banca do Concurso Ambiental

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De 1º  a 3 de julho de 2009 aconteceu o concurso para professor efetivo do Departamento de Turismo da UFJF, área ambiental, em que disputaram nove candidatos. Para avaliar os candidatos foram convidados um professor do Departamento de Turismo da UFJF e dois professores de outras Instituições de Ensino Superior do país. O “Giro” conseguiu entrevista exclusiva com cada um dos três membros da banca. A seguir, a história de cada um deles, por ordem alfabética.  
 

Prof. Dr. Álvaro Banducci Júnior, reside em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. É Antropólogo, com doutorado em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo – USP. Leciona no curso de Ciências Sociais na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul – UFMS, trabalhando com Antropologia do Turismo.   
 

Você tem uma linha de pesquisa? Já publicou trabalhos?  

Sim, a Antropologia do Turismo. Trabalho com festas populares na fronteira do Brasil com o Paraguai e com a cultura pantaneira. Tenho algumas publicações na área do Turismo. Concentro meus estudos na região do Pantanal.  Tenho, inclusive, um livro sobre o Turismo de Pesca no Pantanal do Mato Grosso do Sul. Essa foi minha dissertação de mestrado. Também tenho um trabalho sobre os peões de gado (vaqueiros) do local. Esses estudos me renderam várias publicações.   

Como você  identifica o turismo ambiental dentro do contexto do seu trabalho?  

O pantanal é considerado patrimônio natural da humanidade pelo seu alto grau de preservação e por sua ocupação tradicional. A pecuária, em muitos aspectos, contribuiu para isso. Mas o turismo não chegou de um modo equilibrado por lá. Nas décadas de 70 e 80, quando houve uma grande demanda de pescadores para o Pantanal, o impacto sobre o meio ambiente foi muito grande. O Estado não estava preparado para isso, não houve política pública, nem regulamentação para pesca. Depois da diminuição da população de peixes, os órgãos públicos começaram a se preocupar. Apesar dos muitos empregos que o Turismo de Pesca gerou, ele acabou por perpetuar a pobreza no Pantanal.  

Você  acha possível um turismo ambiental sem a degradação do meio ambiente?   

É possível. Em muitas fazendas e pousadas é possível observar o Turismo em equilíbrio com o ambiente. O problema acontece quando o turismo por si só não consegue sustentar a economia. Você tem pousadas que se voltaram totalmente para o Turismo, criando vínculos com agências de Turismo. Por outro lado, há pousadas que não se mantêm apenas com a atividade turística, elas têm de associar o Turismo a outras atividades, como a pecuária, por exemplo, e essa sim, pode ser impactante. O Turismo nunca aparece de forma isolada num ambiente, é preciso trabalhar esse equilíbrio no dia-a-dia.   
 
 
 

Prof. Dr. Celso Sánchez é formado em Biologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Fez mestrado em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social (EICOS) na mesma instituição. É especializado em Ciências Ambientais pela Universidade Estácio de Sá e tem Doutorado em Educação pela PUC/RJ, com tese relacionada à Educação Ambiental.  
 

Quais trabalhos você vem desenvolvendo dentro da sua linha de pesquisa, que é educação ambiental? 

Eu trabalho muito. Sempre conciliei docência, consultoria e extensão. Dentro do ensino eu dou aulas, predominantemente em pós-graduação. Já fui coordenador do Curso de Gestão Ambiental, mas agora atuo só como professor, do Instituto Cândido Mendes. Na área de pesquisa investigo várias coisas, uma delas estudo a respeito dos educadores ambientais e o processo de institucionalização da educação ambiental. O último artigo que eu publiquei foi sobre canoagem e educação ambiental. Sou presidente de uma ONG, a Bioética. Atuo como consultor da Fundação Nacional de Saúde, no Rio de Janeiro e trabalho com um projeto de escolarização indígena em algumas faculdades federais do país.  

O que você  acha da relação entre o turismo e o meio ambiente? 

Indispensável e fundamental. O que a gente está vendo é uma necessidade cada vez maior de sensibilidade em relação às áreas protegidas e naturais. O Brasil é um país com uma biodiversidade muito grande e isso significa que a gente tem uma responsabilidade muito grande com nosso patrimônio ambiental, o que não vem sendo percebido.    
 
 

Profª  Drª Vera Maria Guimarães é professora do Departamento de Turismo da UFJF. É graduada em Ciências Sociais pela UNISINOS/RS. Fez mestrado em Sociologia Política pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC e doutorado em Ciências Humanas pela mesma instituição. Atualmente, leciona as disciplinas de Planejamento e Organização do Turismo do Curso de Turismo da UFJF.   

Você  tem uma linha de pesquisa?  

Meu tema dentro do Turismo tem sido a questão do turista como uma figura fundamental para o Turismo acontecer, o que leva o turista a ter interesse por certas práticas. Estudo os elementos que fazem com que as pessoas queiram ser turistas, em função de uma série de situações que vivemos na sociedade. O Turismo está sempre dentro de algum contexto. Procuro abordar questões da subjetividade humana. Muitas pessoas têm necessidade de desenvolver determinados tipos de práticas como, por exemplo, o contato com a natureza. O que isso implica para as pessoas me interessa.

Também estudo a relação da globalização, a relação dos processos globais e locais dentro do Turismo.  

Você  acha que o turista se sente bem fazendo turismo ambiental? O turismo ambiental faz bem para o homem?  

Existe uma procura muito grande pelo contato com a natureza. Acredito que por questões do mundo urbano, cheio de problemas como trânsito, stress, excesso de trabalho, os indivíduos têm necessidade de buscarem algumas coisas que não estão inseridas no seu cotidiano. Outro ponto é a sustentabilidade, que tem crescido como um eixo de discussão importante para vários grupos na sociedade. Nós percebemos que modo de vida é insustentável e o que fazer para mudar isso? A questão da natureza como objeto de atrativo para as pessoas remete a isso, também por um pouco do cansaço da artificialidade que se vive. É uma mudança de valores, são as pessoas tentando buscar coisas mais naturais.    

Graduação em Turismo


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