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Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF Centro de Gestão do Conhecimento Organizacional – CGCO Sistema Integrado de Gestão Acadêmica – SIGA FORMULÁRIO DE INSCRIÇÃO DE PROJETOS DE EXTENSÃO 1 – IDENTIFICAÇÃO TÍTULO: DIAGNÓSTICO E APROVEITAMENTO DO POTENCIAL TURÍSTICO RELATIVO AO NUM. PROCESSO: 2947/2011-88 DATA INÍCIO: 01/12/2010 DATA FIM: 2 – ÁREA TEMÁTICA Cultura 3 – LINHA EXTENSÃO Turismo 4 – COORDENADOR NOME:LUCIANA BITTENCOURT VILLELA UNIDADE:INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS TELEFONE:3232-3684 CELULAR:9116-6281 E-MAIL:LUCIANABITTENCOURT_UFJF@YAHOO.COM.BR 5 – EQUIPE COLABORADOR DOCENTE LUCIANA BITTENCOURT VILLELA HUMBERTO FOIS BRAGA EDWALDO SÉRGIO DOS ANJOS JUNIOR 6 – PARCEIROS EXTERNOS NÃO HÁ PARCEIROS EXTERNOS7 – DESCRIÇÃO Fundamentação teórica O projeto “Diagnóstico e Aproveitamento do Potencial turístico relativo ao patrimônio ferroviário de Além Paraíba, Minas Gerais” se insere naquilo que entendemos ser uma uma recente fase quanto ao aproveitamento do patrimoônio ferroviário dos munícipios mineiros. Com vistas a melhor embasar nossa assertiva anterior, é importante dissertar acerca da ferrovia e do patrimônio ferroviário em Minas Gerais. A ascensão da ferrovia em Minas Gerais está intimamente associada à necessidade de exportação de produtos agrícolas ou produtos mineirais. Nesse sentido, a Zona da Mata, enquanto uma Mesorregião que se encontra entre a região central do Estado de Minas Gerais e o Rio de Janeiro, sobretudo porque é o estado em que, mediante os seus portos, sempre escoou significativa parcela desses bens, foi uma área, cuja a história a partir de meados do século XIX esteve intimamente associada ao modal ferroviário. Nesse ínterim, munícipios como Além Paraíba vão se desenvolver em torno das estações e escolas ferroviárias existentes ao longo desses munícipios. As ferrovias na Zona da Mata, ao surgirem em um primeiro momento ligadas à exportação de café e, em um segundo ciclo desenvolvimentista do Estado, estarem associadas ao escoamento de minério de ferro, acabaram por legar a diversas cidades um rico acervo ferroviário, composto não só por um conjuno de bens constituintes do patrimônio material, mas também um conjunto de saberes e memórias, concernentes ao patrimônio imaterial ligado à ferrovia. Entretanto, com a desestatização da malha ferroviária brasileira, ocorrida em 1996, na gestão do então presidente Fernando Henrique Cardoso, o modal ferroviário viria a sofrer profundas alterações. A mais dramática delas, sem dúvida alguma, se resume a quase extinção do transporte de passageiros por trens brasileiros, o que legou ao abandono centenas de estações e locomotivas, bem como milhares de carros de passageiros. Isso ocasionou, também, o desaquecimento econômico de diversos municípios brasileiros, dos quais várias cidades localizadas na Zona da Mata mineira, que surgiram em torno das ferrovias. Importa destacar que, no ato de concessão da malha ferroviária nacional, cujo período de duração é de 30 anos contados a partir de 96, não havia, nos termos dos contratos com as companhias concessionárias, nenhuma contrapartida no que tange à preservação do patrimônio ferroviário, que, em desuso em diversas cidades que não interressavam mais às companhias, haja vista a drástica queda de transporte de pessoas, ficou legado quase ao esquecimento. Assim, em um contexto marcado pela ênfase no trasnporte de cargas no Brasil, o modal ferroviário passa a ter novas formas possíveis de uso dos seus trens: os trens turísticos. Perpassados pela noção de diferencialidade, esses trens, que deixaram de fazer parte do cotidiano de significativa parcela da população brasileira, passaram a gozar do estatuto de elementos tidos como “diferentes”, “exóticos”, “nostálgicos”. Os trens turísticos, embora em franca ascensão no país, são capazes de nos revelar uma prática cada vez mais usual: o estudo, resgate e (re)utilização do patrimônio ferroviário com fins turísticos. Contudo, entendemos, aqui, que o patrimônio ferroviário não é composto apenas por locomotivas e estações, trilhos e vagões, mas também por um conjunto de ofícios, saberes e práticas constituintes da memória presentes nesses locais. Posto isso, há uma tendência recente quanto ao sentido de patrimônio e seus respectivos usos. O patrimônio deixa de ser algo meramente ligado à dimensão material do legado das gerações anteriores e passa a contemplar, também, as práticas e saberes de cunho original. Além disso, a noção de musealização do patrimônio, isto é, seu uso com vistas a “guardar” e “apresentar” apenas seus significados é relativizada em prol de uma relação mais dinâmica, menos passiva das pessoas para o patrimônio. E isso, a nosso ver, pode ser favorecido com o uso de técnicas de interpretação do patrimônio, que visam, mediante usos e técnicas pedagógicas específicas, favorecer a descoberta de significados e assimiliação de informações concernentes ao patrimônio por parte das pessoas. Então, na medida em que a noção de patrimônio passa a ser revista; há, ao mesmo tempo, uma busca por reutilizar o legado ferroviário no Brasil, além de haver uma crescente demanda em torno de atrativos perpassados pela noção de alteridade, é que podemos visualizar como Além Paraíba se situa no cerne dessas tendências, até porque, ali, há um profícuo conjunto de bens ligados ao patrimônio ferroviário. Não só as estações e uma das maiores rotundas de Minas Gerais, mas também foi naquela cidade que se produziu uma significativa parcela dos registros ligados à memória dos trabalhadores ferroviários. Destaque aqui para os contos “Iniciação de Um Ferroviário”, de Ubyrarára de Souza e “Oficina de Memória”, de José Geraldo Esquerdo Furtado, que, dentre outros registros, reforçam a necessidade de regaste da memória ferroviária ali existente, tendo em vista que Além Paraíba concentrou uma importante oficina ferroviária, a Oficina de Porto Novo, bem como a Escola Profissional Ferroviária, relevante instituição alemparaibana de iniciação de um ferroviário. Ademais, importa considerar que o turismo, a se fazer valer da cultura como um recurso econômico, contribui não só para o aumento dos dividendos econômicos, mas pode favorecer que os próprios anfitriões tendam a se problematizar enquanto sujeitos no mundo, conhecer a sua história e quiçá realçar elementos de sua cultura para o encontro turístico a ser estabelecido em vista da chegada
Graduação em Turismo
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