Joyce Castelli e Claudia Jacobsen participaram de mesa-redonda sobre relação da família com sexualidade e escola (Foto: Alice Coêlho/UFJF)

Joyce Castelli e Claudia Jacobsen participaram de mesa-redonda sobre relação da família com sexualidade e escola (Foto: Alice Coêlho/UFJF)

As relações entre sexualidade, escola e família foram debatidas na última quarta-feira, dia 9, no segundo encontro do I Seminário LGBTTIfobia e Educação, realizado na Faculdade de Educação (Faced) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).  A atividade, organizada pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Gênero, Sexualidade, Educação e Diversidade (Gesed), contou com a presença de estudantes LGBTTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos) da rede básica de ensino e de mães de adolescentes dessa comunidade.  

“Nossa intenção é olhar para essas questões relacionadas à LGBTTIfobia pelo viés da educação e de maneira bem abrangente. É com muito orgulho que o Gesed traz hoje estudantes do ensino médio para relatarem suas experiências. Ouviremos também os relatos das mães de alunos LGBTTI. A intenção é que a gente possa refletir sobre que escola podemos construir juntos”, destacou o  professor da Faced e um dos líderes do Gesed, Anderson Ferrari.

“É preciso que os pais saiam do armário!”

Dois estudantes do Colégio de Aplicação João XXIII e uma aluna da rede privada de ensino contaram ao público presente as vivências na família e na escola. Nos relatos dos três jovens LGBTTI prevaleceram  as dificuldades com os pais, especialmente logo após a primeira conversa sobre homo ou bissexualidade; o temor da rejeição dos amigos e colegas; e a necessidade de as diversidades de gênero e sexual serem amplamente debatidas nas escolas, para redução de discriminações e preconceitos.

Uma das mães presentes,  Claudia Jacobsen, destacou a importância do engajamento das famílias e escolas no combate à LGBTTIfobia. Ela é integrante do Mães pela Diversidade, coletivo nacional composto por mães e pais de pessoas da comunidade LGBTTI, que tem o objetivo de reivindicar igualdade de direitos e respeito às diversidades de gênero e sexual.

“É preciso que os pais saiam do armário! Nossos filhos estão sendo agredidos, estão sendo mortos. Meu filho sofreu uma agressão absurda de um professor que não respeitava o uso do nome social, passou por várias escolas, porque era frequentemente desrespeitado. Não permitiam que ele usasse o banheiro de acordo com sua identidade de gênero. Muitas escolas têm problemas de aceitação. Muitos pais põem os filhos para fora de casa, batem. Eu não tive essa dificuldade, meu medo era que meu filho fosse agredido, sofresse intolerância ”, contou Cláudia, mãe de um jovem trans.  

O mesmo temor também é vivenciado por Joyce Castelli, mãe de duas jovens da comunidade LGBTTI. “Algumas vezes eu tive medo de entrar em alguns lugares com as minhas filhas. Há muito desrespeito. Já vivi situações no meu trabalho, inclusive. Já tive que pedir aos colegas que parassem de fazer declarações LGBTfóbicas ao menos perto de mim.”

Sobre como conseguiu estabelecer diálogo com as filhas acerca de  temas que são de modo geral tabus para as famílias, Joyce relata que contou com o apoio de amigos. “Antes das meninas falarem sobre a sexualidade delas, eu já percebia que algumas coisas na minha filha mais velha eram diferentes. Certa vez eu disse a uma amiga que por minha filha ser diferente eu a levaria ao psicólogo. Minha amiga então me disse: – Será que não é você que deve procurar ajuda? Será que o problema não está em você? Deixe a sua filha viver a vida dela. Aí eu busquei um psicólogo pra mim. Hoje entendo melhor a diversidade.”

Dia Internacional de Luta contra a LGBTTIfobia

O I Seminário LGBTTIfobia e Educação acontece este mês para marcar o Dia Internacional de Luta contra a LGBTfobia, celebrado em 17 de maio. Foi nessa data, no ano de 1990, que a homossexualidade deixou a lista de Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde.  

As atividades acontecem sempre às 19h,  às quartas-feiras de maio – dias 16, 23 e 30 -, na Sala Paulo Freire, na Faced.  A participação é aberta ao público em geral, gratuita e não exige inscrição.

Os temas das próximas rodas de conversa e mesa-redonda serão, respectivamente: Experiências de estudantes LGBTTI no ensino superior; Experiências Drag; e LGBTTIfobia e educação escolar em debate.

Este é o quarto ano consecutivo no qual o  Grupo de Estudos e Pesquisas em Gênero, Sexualidade, Educação e Diversidade  realiza atividades especiais, no mês de combate à LGBTfobia. Nesta edição, a iniciativa conta com apoio da Diretoria de Ações Afirmativas (Diaaf) da UFJF.

Confira a programação

Outras informações:

gesedufjf@gmail.com

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