O “Insight Tech Pasto ficou em terceiro lugar no “Vacathon”, uma competição criada pela Embrapa Gado de leite.

O “Insight Tech Pasto ficou em terceiro lugar no “Vacathon”, uma competição criada pela Embrapa Gado de leite.

O Agronegócio do Leite e seus derivados desempenham um papel relevante no suprimento de alimentos e na geração de emprego e renda para a população no Brasil, a atividade está entre as mais importantes do país. Pensando em colaborar com desenvolvimento do setor, pesquisadores e alunos da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) desenvolveram o projeto Insight Tech Pasto, que funciona como um monitoramento para que o produtor leiteiro otimize seu pasto.

Para uma vaca produzir uma grande quantidade de leite, com boa qualidade, é necessário que ela esteja bem alimentada, com nutrientes de qualidade. O “Insight Tech Pasto ficou em terceiro lugar no “Vacathon”, uma competição criada pela Embrapa Gado de leite. A prova durou 36 horas e alunos de universidades de todo o país foram desafiados a criar alguma solução para melhorar a produção leiteira. A equipe da UFJF optou por melhorar a produtividade do alimento para os animais, o que, consequentemente, melhora a produção do leite. O estudante Lucas Figueredo do curso de Engenharia Elétrica explica que o sistema desenvolvido é capaz de controlar os níveis de irrigação. “Conhecendo a necessidade hídrica de cada planta, medimos a umidade terrestre próximo a ela e acionamos o sistema de rega automática conforme a necessidade. Depois enviamos os dados para o usuário de uma forma simples para facilitar o monitoramento.  Além disso, o projeto conta com a previsão do tempo feita com dados da web e também do local, evitando a irrigação desnecessária e o desperdício de água”.

A equipe desenvolveu também um sensor capaz de estimar a quantidade de clorofila presente em cada planta — a clorofila está diretamente ligada à quantidade de nutrientes presente nelas. “Os sensores de clorofila atuam de forma pontual e manual, enquanto os demais trabalham de forma independente, enviando os dados para uma central que vai redirecionar para o usuário. Ele vai receber gráficos e comparativos que indicam a produtividade e qualidade do capim de sua propriedade”, acrescenta Figueiredo.  

A pesquisadora Priscila Capriles, do departamento de Ciências da Computação, uma das orientadoras do grupo, ressalta que o diferencial do projeto é unir todos esses recursos com uma finalidade capaz de otimizar a produção de um setor. “O que os meninos conseguiram desenvolver em 36 horas foi um conjunto de sensores e um software que funcionam como uma mini estação metereológica, avisando para o produtor sobre a necessidade ou não de irrigar o solo em um período de tempo. O interessante é colocar diversos sensores ao longo do pasto para as informações serem mais precisas”.

Ideias inovadoras e a oportunidade de empreender

“Todos os dispositivos usados foram feitos por nós. O sensor de clorofila já existe, mas nós desenvolvemos um com custo mais baixo, bem mais acessível. O dispositivo mede a intensidade de verde da planta. Para cada espécie, existe uma quantidade ideal de clorofila, as medições feitas de acordo com a espécie plantada ficam registradas em um banco de dados”, explica o estudante Alexander Barbosa, do curso de Engenharia Elétrica.

O pesquisador Edelberto Franco explica como é importante para a formação dos alunos aplicar os conhecimentos vindo dos laboratórios em um projeto que tem demandas reais de mercado. “Percebemos que os alunos chegam até o final da competição acreditando mais em seu potencial, eles costumam dizer que não imaginavam que eles sabiam tanto”.

Priscila ressalta ainda que, “o mais forte disso foi o trabalho multidisciplinar, os alunos viram que uma área complementa a outra, propondo problemas e soluções para áreas diversas. Sem contar a ideia de empreender, às vezes os alunos só tem a visão de trabalhar em uma empresa ou fazer um concurso e essas ideias permitem que eles pensem no seu próprio negócio”. Para Lucas, “o mais importante é aprender a trabalhar em equipe. Isso permite muita troca de conhecimento. Um dos colegas faz Ciência da Computação e ele foi completando e acrescentando o que nós da engenharia não sabíamos. Está sendo muito enriquecedor”.

Projetos para o futuro

O Vacathon é uma competição nacional e a ideia do grupo para esse ano é juntar recursos para aprimorar os dispositivos criados, principalmente o sensor de clorofila. “Pensamos em voltar para a competição com o projeto aperfeiçoado e com ideias de empreendedorismo. Poderíamos participar de competições como o Ideas for Milk, por exemplo, e voltar como uma startup”, explica Priscila. “Já saímos do Vacathon com perspectiva de investimentos para os testes e estamos negociando com alguns setores para colocar no mercado nos próximos anos”.