Alunas comemoram prêmio no Festival Primeiro Plano (Foto: Wagner Emerich)

Natália Reis e Bruna Scheld comemoram premiações no Festival Primeiro Plano (Foto: Wagner Emerich)

Lutar para não sumir. Foi esse o lema que deu vida às engrenagens da 16ª edição do Festival Primeiro Plano – Festival de Cinema de Juiz de Fora & Mercocidades. Ocorrendo em meio a um cenário conturbado para a arte no país e apenas alguns meses após o fechamento do último cinema de rua de Juiz de Fora, o Primeiro Plano encheu a cidade entre os dias 23 a 28 de outubro com uma programação que reafirmou as diversas formas de resistência que o cinema assume. Entre elas, o cinema universitário.

O Primeiro Plano sempre foi palco para que estudantes da cidade e da região pudessem exibir suas produções. Este ano, quatro alunos do Instituto de Artes e Design (IAD) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) destacaram-se entre os premiados, que foram anunciados na noite de sábado, 28. Bárbara Maria, Bruna Schelb, Caio Parizi e Natália Reis conquistaram ao todo três prêmios e três menções honrosas.

Quem levou a principal premiação da noite, o Prêmio Incentivo, foi a estudante Natália Reis. Ambientado nos bares da região central da cidade, o curta-metragem “Filé” aborda a ocupação feminina de locais tradicionalmente hostis para as mulheres. Com uma trama particular e com uma pegada musical, Natália ganhou apoio financeiro e técnico para a realização de um segundo filme, com espaço garantido na próxima edição do festival. “É importante para mim estar sempre trazendo à tona questionamentos e minhas vivências dentro da sociedade enquanto mulher e mãe. O cinema tem sido esse espaço onde me sinto completa, colocando parte de mim”, considera a estudante.

“Vampiro da Ocupação” de Bruna Schelb conquistou o Prêmio José Sette (Foto: Divulgação)

“Vampiro da Ocupação” de Bruna Schelb conquistou o Prêmio José Sette (Foto: Divulgação)

Misturando humor e elementos dos filmes clássicos de horror para criar uma sátira, “Vampiro da Ocupação” de Bruna Schelb conquistou o Prêmio José Sette, escolhido por um grupo de organizadores antigos do festival e que é dedicado para produções locais que se arriscaram com a linguagem cinematográfica. Além de uma menção honrosa ao Prêmio Incentivo, a diretora também obteve destaque no 2º Laboratório Latino-Americano de Curtas-Metragens, evento paralelo com o intuito de desenvolver projetos dos competidores das mostras.

O contundente “Pele de Monstro” de Bárbara Maria usou a representação de pessoas negras em filmes de terror para levantar uma reflexão sobre o racismo. O curta recebeu o Prêmio Luzes da Cidade, entregue por um júri composto de realizadores da Mostra Mercocidades. Nessa mesma categoria, o estudante Caio Parizi conquistou uma menção honrosa pela animação “Vitrine”, que retrata uma relação incomum e cheia de obstáculos entre dois seres diferentes.  

Resistência além da tela

O ideal de resistir não se restringiu apenas às salas de cinema. Esta edição ficou marcada por uma presença expressiva de realizadoras femininas nas principais mostras e diversos eventos paralelos que buscaram reflexões sobre um cinema mais inclusivo. Entre eles, um debate no Plenário da Câmara de Vereadores sobre meios para aumentar a acessibilidade comunicacional de pessoas com deficiência visual e auditiva.

Além de abolir os prêmios de Melhor Atriz e Melhor Ator, fundindo-os em um única categoria, o  festival ainda contou com a presença da drag queen Femmenino, do artista e também estudante do IAD, Nino de Barros, que ficou responsável pela abertura e encerramento do festival.

Para conferir a lista completa dos ganhadores, visite o site do festival.