banner dia c da cienciaUm homem com um penteado exótico, sozinho em um laboratório, manuseando instrumentos científicos: é assim que cientistas são retratados por estudantes de ensino médio, de acordo com pesquisa que aborda as visões sobre a produção científica. A realidade, no entanto, passa longe do esteriótipo de Einstein — e, para mostrar que a ciência está mais perto do que se imagina, pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) se mobilizaram para visitar escolas da região e promover um diálogo próximo com os alunos dos ensinos fundamental e médio.

O projeto, intitulado “A ciência que fazemos”, é formado por uma série de palestras para o público jovem com o intuito de aproximar o cientista dos estudantes, mostrando que a ciência produzida por eles está presente no cotidiano de cada um, além de demonstrar que a possibilidade de aquele aluno se tornar um pesquisador não é remota. O diretor de Imagem Institucional da UFJF, Márcio Guerra, reforça a importância dessa aproximação. “O projeto mostra aos alunos de escolas públicas que a ciência não é algo inacessível e que esse espaço de conhecimento pode ser também partilhado por eles”.

Uma das conversas será sobre o tema “Jogar é coisa séria: qual a ciência dos games”, entre a professora do Instituto de Artes e Design, Letícia Perani, e os alunos da Escola Municipal Tancredo Neves. Letícia aponta ser fundamental que ainda na escola se desperte o interesse pelo conhecimento. “Queremos mostrar que os games que eles jogam no dia a dia são construídos a partir do conhecimento gerado nas universidades. Acima de tudo, vamos levar nossa experiência pessoal, mostrar que os cientistas são pessoas comuns”, explica.

Os alunos do Colégio de Aplicação João XXII vão receber a visita do professor do departamento de Estatística, Augusto Carvalho: “O papel da Estatística na sociedade e na ciência”. Para Carvalho, essa conversa é uma oportunidade de motivar os estudantes a buscarem o ensino superior, “espero melhorar a compreensão deles em relação ao trabalho científico, especificamente sobre aquele realizado na UFJF e no departamento de Estatística. É importante aproximar a ciência e a universidade da vida destes jovens, diminuindo a distância que existe entre o cientista e a sociedade”.

Ao todo serão visitadas nove escolas de Juiz de Fora, em cada uma será explorado um tema diferente, veja a tabela abaixo*. De acordo com  Bárbara Duque, coordenadora de Divulgação Científica da UFJF, o objetivo das conversas é humanizar a figura do pesquisador e apresentar o que é feito na academia de forma que a comunidade perceba a importância e o impacto da ciência no cotidiano. “Serão 20 minutos de apresentação e mais 20 minutos de conversa com os alunos. O intuito é ouvir suas curiosidades, suas perspectivas, para minimizar suas dúvidas em relação ao universo da produção de conhecimento científico”, completa.

Organizador do projeto e professor do departamento de Química, José Guilherme Lopes, ressalta que é importante fomentar projetos de cooperação entre a universidade e as escolas. “É fundamental desmistificar a ideia de que o meio acadêmico produz o conhecimento e transmite de forma acabada para a escola, pensando o professor como um técnico que vai simplesmente reproduzir aquele conhecimento. O que já temos feito em vários projetos é justamente o contrário, partir das demandas dos professores, compreender a experiência que eles já têm nas escolas e daí fazer uma reflexão mais ampla. Esse projeto é mais uma etapa do processo de interface entre a escola base e a universidade. O modelo foi desenvolvido em parceria com os professores das escolas e esperamos dar continuidade a esse projeto piloto para tornar esse diálogo mais comum.”

Dia C da Ciência

“A ciência que fazemos” é parte da programação do “Dia C da Ciência”. Organizado pelo Colégio de Pró-Reitores de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação das Instituições Federais de Ensino (COPROPI) e do Fórum de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação (FOPROP), a iniciativa mobilizará, no dia 25 de outubro, universidades e centros de pesquisas nacionais para mostrar à comunidade a importância das pesquisas e sua influência no cotidiano do cidadão. Os eventos de divulgação da ciência brasileira serão realizados durante a data, que acontece durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. A Jornada de Divulgação Científica, o lançamento do Eis a Questão e a Feira de Ciências também integram a série de iniciativas realizadas pela UFJF para o Dia C da Ciência.

*Veja tabela com os temas das conversas:

Pesquisador

Tema da palestra

Fábio Prezoto

“O inseto que resolveu um crime”

Letícia Perani

“Jogar é coisa séria: a ciência dos games

André Marcato

“Drones, Física e Matemática”

Marcos Brandão

“A incrível viagem das moléculas pelo organismo”

Paulo Fraga

“Juventude e violência”

Zélia Ludwig

“Meninas também fazem ciência”

Maria José Bell

“O que os olhos não vêem, o coração sente”

Eduardo Magrone

“O estudante que salvou uma escola”

Augusto Carvalho Souza

“O papel da Estatística na sociedade e na ciência”