palestra mulheres na política - CPS (Foto: Gustavo Tempone)

Duas vereadoras e a cientista política da UFJF, Marta Mendes da Rocha participaram do evento (Foto: Gustavo Tempone)

Em um universo historicamente marcado pela presença masculina, a política ainda é um campo com inúmeras barreiras a serem superadas pelas mulheres. A temática foi foco da mesa “Gênero e Sociedade”, realizada na tarde de quinta-feira, dia 19, no Instituto de Ciências Humanas (ICH) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).  Promovida pelo Centro de Pesquisas Sociais (CPS) da UFJF, a mesa-redonda teve a participação da vereadora de Belo Horizonte (MG), Áurea Carolina (PSOL); da vereadora do Rio de Janeiro (RJ), Marielle Franco (PSOL); e da cientista política e professora da UFJF, Marta Mendes da Rocha.

De acordo com Marta, a sub-representação feminina na política é um dos temas mais estudados na sociologia, mas com enfoque no fracasso. Na visão da professora, é essencial estudar os casos de sucesso, analisando as barreiras que foram superadas por essas mulheres. “É preciso entender toda essa trajetória e o que acontece nesses mandatos, estudando também as barreiras que aparecem no decorrer na legislatura.”

A cientista política entende como um parlamento representado aquele que é espelho da sua população, não só no percentual de homens e mulheres mas, também,  na maneira de se pensar. Por isso, acredita que esse debate deve levar em conta o perfil, interesses e agenda feminina na sociedade. Essa linha de pensamento foi corroborada por ambas vereadoras. Para Marielle, há a necessidade de as mulheres buscarem cada vez mais formação e qualificação junto aos movimentos sociais, na tentativa de inverter a atual conjuntura.

Já Áurea Carolina fez críticas à prática atual da lei 12.034/2009, que exige, desde 2009, o mínimo de 30% e o máximo de 70% de candidatos de cada sexo em eleições proporcionais. “É um fenômeno para cumprir legislação. Muitas mulheres são capturadas ou sofrem ameaças para que sejam candidatas.”. Segundo levantamento do site Gênero e Número, nas eleições de 2008 (antes da lei), cerca de duas mil candidatas não receberam voto. No último pleito, em 2016, cerca 14.500l candidatas estiveram presente na estatística.

De acordo com relatório divulgado pelo Projeto Mulheres Inspiradoras (PMI), o Brasil ocupa a 115ª posição no ranking mundial de presença feminina no Parlamento dentre os 138 países analisados na pesquisa. Entretanto, apesar da baixa colocação, o relatório apontou que a participação de mulheres na política brasileira cresceu 87% entre janeiro de 1990 e dezembro 2016, 6% a mais do que a média mundial no período.

Outras informações: (32) 2102-3122 (CPS-UFJF)