selo_mulheres-02-fundo-escuroDando sequência à série especial “Mulheres na UFJF” – em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, 8 de março – a reportagem de hoje ressalta a força de trabalho das técnico-administrativas em educação (TAEs). São 839 entre assistentes em administração, técnicas em laboratório, técnicas em enfermagem, enfermeiras, secretárias, assistentes sociais, administradoras, jornalistas, médicas, bibliotecárias, arquitetas, dentre outras.

Elas integram a estrutura administrativa federal brasileira e possuem atribuições voltadas para o exercício de atividades administrativas, como o próprio nome já diz, e logísticas, fundamentais para o crescimento e a excelência do ensino, da pesquisa e da extensão. Na UFJF, representam 52,57% do quantitativo de TAEs na ativa.

Léa Chicre 2 Foto Alexandre Dornelas

Léa Chicre: “Ao longo dos 26 anos da minha vida dedicados a ela (UFJF), me proporcionou conhecimentos teóricos, técnicos e de vida, fazendo parte da minha história” (Foto: Alexandre Dornelas)

A coordenadora de Avaliação e Movimentação de Pessoas, Léa Chicre, é uma TAE.  Nascida em Palma (MG), realizou concurso público para o cargo de assistente em administração na UFJF em 1988, sendo nomeada em 12 de julho de 1991, e já soma em seu currículo quase 26 anos de trabalho dedicados à instituição. “Dentre os muitos sonhos que eu cultivava, um deles era o de estudar na UFJF e, com o passar do tempo, veio também o desejo de um dia trabalhar na Universidade, instituição pela qual eu já possuía um profundo respeito e admiração. Tenho muita gratidão pela UFJF e, para mim, é uma honra fazer parte do corpo técnico dessa Instituição tão querida que, ao longo dos 26 anos da minha vida dedicados a ela, me proporcionou conhecimentos teóricos, técnicos e de vida, fazendo parte da minha história.”

 

Instituições são resultado do trabalho das pessoas

A Universidade não funcionaria sem a dedicação e a competência das técnicas, porque os cargos que fazem parte do plano de carreira não têm vida própria. Equipes, empresas, instituições ou governos são resultado do esforço empreendido por um grupo de pessoas. O Hospital Universitário (HU) da UFJF, por exemplo, também é produto do trabalho da aposentada Lúcia Helena de Jesus Lima. Juiz-forana do Bairro Nossa Senhora Aparecida,  dedicou três décadas de sua vida à Agência Transfusional (banco de sangue). Ela ingressou no HU,  como técnica de laboratório, por meio de processo seletivo em 1977 e aposentou-se em 2008, ou seja, esteve por lá dos 19 aos 50 anos de idade, atendendo aos pacientes.

“Trabalhei na Santa Casa de Juiz de Fora quando tinha 18 anos. Fiquei pouco tempo lá. Logo fiz a prova para o HU. Meu sonho era fazer minha casa. O meu trabalho na UFJF me ajudou a realizar todos os meus sonhos. Hoje moro na minha casa própria no Bairro São Pedro. Minha melhor lembrança do HU são as amizades. Sempre trabalhei em comunidade. Sempre tinha muito trabalho, mas quando tinha uma folguinha, ia ajudar os colegas dos outros setores. Os pacientes eram muito bem tratados por nós. Sinto muita saudade dos amigos.”

Maria Margarida Santos de Oliveira Foto Twin Alvarenga

Maria Margarida Santos de Oliveira: “No tempo da Reitoria, me sentia em casa: corpo, alma e pensamento estavam lá” (Foto: Twin Alvarenga)

Também foi no HU que a copeira Maria Margarida Santos de Oliveira, a Margaridinha, iniciou a carreira na UFJF. Em 1984, aos 23 anos de idade, foi indicada para trabalhar na copa do Setor de Pediatria. “Lá fiquei por dez anos, preparando a dieta das crianças internadas. Depois, pedi transferência para o campus da UFJF e fui trabalhar no antigo Centro de Processamento de Dados (CPD). Em 2006, fui então convidada para trabalhar na copa da Reitoria. Lá fiquei até me aposentar, em 2014.”

Margaridinha é lembrada pelos ex-companheiros de trabalho sempre com admiração. “Foi muito bom para mim. Fiz muitos amigos. No tempo da Reitoria, me sentia em casa: corpo, alma e pensamento estavam lá. Cada dia era um dia diferente. Sentia muito amor, carinho e dedicação. O importante é querer trabalhar, ser solidária e ter dedicação. Tenho duas filhas gêmeas do coração. Elas têm 14 anos. Foi com o meu trabalho na UFJF que consegui comprar casa no Bairro Cruzeiro do Sul, ajudar a família, proporcionar plano de saúde.”

Desafios

A coordenadora de Avaliação e Movimentação de Pessoas, Léa Chicre, que também é psicóloga, pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CES-JF), e especialista em Psicanálise: Subjetividade e Cultura pela Universidade,  destaca os desafios diários da atividade profissional. “Ser mulher é querer sempre. É demandar isso ou aquilo, movida por um desejo que não quer calar e que é indestrutível. Ocupar um cargo de coordenação em uma instituição como a UFJF é ao mesmo tempo desafiador e enriquecedor, é responder e operar de um lugar cuja questão crucial convoca ao trabalho, tendo que me haver com a pergunta na qual quem o exerce se encontra enredado: o que a Universidade quer de mim?”

Ela que, paralelamente ao trabalho desenvolvido na Universidade sempre atuou como psicanalista em seu consultório,  enfatiza como a especialização e a formação contínua em psicanálise ajudam na resolução das demandas institucionais. “Por meio do curso, tive a oportunidade de aprofundar meus conhecimentos teóricos em Psicanálise e, também, refletir a clínica psicanalítica. Esses conhecimentos contribuíram para o meu aprimoramento e desempenho profissionais, marcando, assim, a importante aplicabilidade da Psicanálise no meu trabalho na UFJF, uma vez que a Psicanálise não se restringe aos consultórios, tendo seus efeitos, também, fora deles.”

Sobre os avanços ocorridos dos anos de 1990 quando ingressou na UFJF como servidora técnica até os dias atuais, Léa ressalta: “Início dos anos de 1990… Quanto tempo já se passou… E a Instituição continua inabalável, sustentando-se em sua grande importância e reconhecimento. Para nós, servidoras públicas, mulheres que compomos o corpo técnico da Universidade, os principais desafios foram o de sempre sustentar nosso lugar de mulher, com comprometimento, dedicação e perseverança. É importante ressaltar que cada desafio deve, sempre, ser considerado como ponto de partida, e não de chegada, gerando os avanços almejados por cada uma de nós. Nessa perspectiva, que possamos fazer surgir do passado uma outra história. Se os fatos passados são o que são, a leitura e o sentido que lhes podemos dar são remanejáveis, como se vê na própria História: os fatos permanecem, mudam as avaliações às quais são submetidos, mudam a perspectiva, as palavras nas quais são relatados, o sentido que tomam dependendo do tempo histórico em que eu os considero. Estamos na vida para o amor e para o trabalho. Que tanto o amor quanto o trabalho possam nos trazer alegria.”

Confira a programação comemorativa do Dia Internacional da Mulher na UFJF