Tabela_periodica_interativa_Centro_de_Ciencias_UFJF_Foto_Caique_Cahon_UFJF

Tabela periódica interativa traz exemplares de elementos químicos originais e tablet com fotos e vídeos (Foto: Caique Cahon/UFJF)

Um casal de amigos prepara o sorriso e se ajeita para a selfie. Há o terceiro elemento, ou melhor, mais 118 da tabela periódica química, posicionada logo ao fundo, cabendo na imagem. A foto tem sua explicação: a tabela é colorida, inovadora e dinâmica, inventada no próprio Centro de Ciências da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). E não se espante ao se pegar fotografando a tabela e mais 22 equipamentos interativos, entre réplica de usina nuclear, esfera que arrepia o cabelo e bicicleta geradora de música. As opções foram apresentadas ao público pelo Centro, na última sexta-feira, 8, quando foram abertas à visitação duas exposições e lançadas duas tabelas e quatro livros.

A dupla da selfie são os ex-alunos de Química Daiana de Almeida e Vinícius Carvalho. Assim como os outros aparelhos, a tabela simboliza o esforço da equipes atuais e que passaram pelo espaço no intuito de popularizar e desmistificar a ciência. “A tabela é a realização de um sonho, fomos bolsistas de 2009 a 2012. Ela facilita o ensino e o aprendizado de química, torna-a mais próxima dos alunos”, diz Daiana.

As duas novas exposições, “Energia nuclear” e “ Eletricidade: energia que nos move”, trazem equipamentos interativos para explicar de forma lúdica diferentes aplicações da eletricidade e da radioatividade, seja na medicina, na guerra ou na geração energética (saiba mais abaixo). Já os quatro livros abordam produções científicas, mediadas pelo Centro de Ciências, em eventos e cursos de formação continuada de professores.

Inspiração radiante

Exposicao_eletricidade_reitor_Marcus_David_diretor_Eloi_Teixeira

Diretor Eloi Teixeira mostra ao reitor Marcus David maquete de casa que compara o consumo de energia por aparelhos (Foto: Caique Cahon/UFJF)

Na cerimônia de abertura e lançamento, o reitor Marcus David, empossado na última quarta-feira, 6, citou o Centro de Ciências como um modelo simbólico do que seria a gestão que se inicia, em meio a crises política e econômica nacionais. “Tudo que o que estamos vendo aqui é resultado de competência, de esforço para a captação de recursos em agências de fomento científico e de muita criatividade da equipe de trabalho. São exemplos que nos enche de esperança para este momento que vamos viver na Universidade.”

Em seu primeiro evento científico oficial, o novo gestor reiterou a disposição de reforçar, no Conselho Superior da UFJF, a mudança do espaço para o Planetário e Observatório, ao lado da Reitoria, concebido também para abrigá-lo, e de sua manutenção.

O Centro ainda traz alento e entusiasmo à professora Daniela Franco Carvalho, autora do prefácio do livro “Contribuições de um Centro de Ciências para a Formação Continuada de Professores”, lançado na cerimônia. Docente da Universidade Federal de Uberaba, Daniela listou espaços e museus de ciência fechados em contraste com o Centro renovado. “Agora entendi: essas paredes são radioativas”, brincou a professora sobre a vibração sentida quando vem ao espaço juiz-forano.

Alunos e professores de escola pública a partir desta semana poderão é vibrar com as duas mini-tabelas periódicas, que podem ser levadas para empréstimo. “Apresentamos recursos que alunos pouco têm acesso. Professores reclamavam de falta de condições de levar os estudantes ao Centro de Ciências. Agora poderão é levar as tabelas, que tiveram as partes estrutural e eletrônica produzidas por alunos e servidores”, disse o diretor do Centro, Eloi Teixeira César.

Exposições

Exposicao_Energia_Nuclear_Centro_Ciencias_UFJF_Foto_Caique_Cahon_UFJF

Painel e vídeo explicam sobre bombas atômicas lançadas no Japão em 1945 (Foto: Caique Cahon/UFJF)

“Energia Nuclear” exibe réplicas, painéis e equipamentos interativos sobre as múltiplas aplicações da radioatividade – capacidade natural ou artificial de determinadas substâncias de se desintegrarem, gerando radiação capaz de atravessar outros materiais, alterar placas fotográficas, como as de Raios-X, transformar um elemento em outro e inúmeras possibilidades.

Por meio de um medidor, na mostra, é possível constatar que uma caixa de leite irradia 0,05 becquerel por quilo – a unidade de emissão radioativa. Já as areias monazíticas, como a da Praia da Areia Preta, em Guarapari, emitem 1 milhão de vezes mais becquerels por quilo.

Inofensiva como as areias e pendurada no teto do Centro de Ciências, a réplica da bomba nuclear lançada em Hiroshima, no Japão, simula o dispositivo altamente letal. Intitulada “Little Boy” (Garotinho), a bomba matou mais de 150 mil pessoas, em 1945, durante a Segunda Guerra Mundial, como explicam painel e vídeo sobre o ataque.

O uso de réplicas é uma das apostas da exposição que apresenta ainda o interior de usina nuclear e aparelho esterilizador. Graças à radioatividade, bananas brasileiras podem cruzar oceanos para desembarcar em mercados chineses, pois tiveram eliminados micro-organismos que aceleraram a decomposição da fruta.

A exposição “Eletricidade: a energia que nos move” também se baseia na interatividade para atrair visitantes e auxiliar a compreensão. O visitante poderá comparar, de forma mais clara, o quanto chuveiro, aparelho micro-ondas, torradeira e lâmpadas consomem de energia numa casa. A partir de uma maquete, é possível acionar botões que iluminam a quantidade de lâmpadas, em um painel, correspondente ao consumo.

E o participante terá de suar para gerar energia elétrica em uma bicicleta. O movimento das rodas liga o rádio acoplado ao guidão. Se preferir algo mais sedentário, mas não menos eletrizante, crianças e adultos podem arrepiar o cabelo na esfera metálica “Gerador de Van de Graaff”. A carga transferida para o corpo repele e eriça os pelos. Em visita de grupos escolares, crianças ainda criarão brinquedos.

A exposição sobre energia nuclear foi originalmente concebida e exibida na Casa da Ciência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, já a sobre eletricidade foi estruturada pelo Centro de Ciências da UFJF.

Tabela criada na UFJF

Tabela_periodica_UFJF_criancas_Foto_Caique_Cahon_UFJF

Gabriel Oliveira, à esquerda, com o amigo Ezequiel Gomes, reconhece elementos da tabela com alguns presentes no jogo MineCraft (Foto: Caique Cahon/UFJF)

Inventada no próprio Centro de Ciências, duas tabelas periódicas interativas de cerca de um metro de largura expõem, em cada um dos 118 cubículos iluminados, elementos originais, como cálcio, cobalto e sódio, ou fotos de seus descobridores e homenageados. No topo ao centro, vem acoplado um tablet com textos, fotos, vídeos e ilustrações sobre os elementos e suas aplicações cotidianas. A tabela tem saída para conexão a projetor. Com isso, professores podem expor o conteúdo em quadros ou telas na sala de aula. O empréstimo gratuito dos dois dispositivos para escolas públicas é realizado após treinamento. 

“A tabela traz 12 mil linhas de programação, é a primeira do Brasil com os comandos que criamos. Nossa ideia agora é patenteá-la”, diz o criador do sistema de iluminação e automação, Julio César Cordeiro, bolsista do Centro de Ciências e estudante de Engenharia Elétrica – Energia da UFJF.

Com a química mais “palpável”, a tabela se aproxima da realidade física ou virtual do aluno. “Olha, conheço potássio, prata. Outros tem no Minecraft”, associa Gabriel Oliveira, de 8 anos, acompanhado do amigo Ezequiel Gomes, 9. O Minecraft é um jogo em que o usuário pode criar qualquer forma com blocos de diferentes materiais.

Serviço

Exposições

“Energia nuclear”
Exibição temporária, até dezembro de 2016
Faixa etária: a partir de 11 anos

“Eletricidade: a energia que nos move”
Exposição permanente.
Faixa etária: a partir de 6 anos

De segunda a sexta, das 8h30 às 11h e das 14h às 16h30.
Visitas individuais ou em grupo preferencialmente agendadas: (32) 3229-7606 ou (32) 3229-5923.
Centro de Ciências – Rua Visconde de Mauá 300, Bairro Santa Helena. Entrada pelo Colégio de Aplicação João XXIII.
Ônibus: 221 – Santa Catarina

Livros

“Estratégias para a Inserção da História da Ciência no Ensino: um compromisso com os conhecimentos básicos de química”
Ivoni Freitas-Reis (org.)
LF Editorial

“Quark e a História da Ciência”
Marlon C. Alcântara (org.)
LF Editorial

“Ciência em Dia: jornadas de divulgação científica”
Thales Costa Soares, Eloi Teixiera Cesar e Edson E. Reinehr (orgs.)
LF Editorial

“Contribuições de um Centro de Ciências para a Formação Continuada de Professores: percursos formativos, parcerias, reflexões e pesquisas”
Fernanda Bassoli, José Guilherme da Silva e Eloi Teixeira César (orgs.)
LF Editorial

Todos os livros serão distribuídos de graça a escolas públicas de Juiz de Fora e estão à venda na LF Editorial.

Outras informações: (32) 3229-7606  e 3229-5923 (Centro de Ciências da UFJF)