Portanto, quando pensarmos em educação, pensaremos punk, como Paulo Freire: desenvolvimento de autonomia e senso crítico, onde o/a aprendiz é estimulado a sair do papel de receptor passivo de conhecimentos “encaixotados” para o papel ativo de construtor/a de seus próprios significados, protagonizando sua história de maneira holística e integrada, pois, como almeja Joseph Beuys (1985), “todo ser humano é um artista”.
Observamos atualmente uma grande carência na formação de professores de Artes na compreensão e ensino da arte contemporânea. Além de ser conteúdo praticamente ignorado nas escolas, a arte contemporânea propõe novas formas de se pensar, perceber e sentir o mundo, formas essas que não podem, muitas vezes, serem apreendidas por meio de métodos tradicionais de aprendizagem. Deste modo, além de propormos a abordagem de um tema que é obscuro para muitos professores e estudantes de ensino fundamental, propomos também abordar este tema por meio de um método desenvolvido a partir de pesquisas sobre métodos didáticos heterodoxos e sobre processos de criação artística da atualidade.
Tratar a arte como conhecimento é o ponto fundamental e condição indispensável para nosso enfoque do ensino de arte, articulado em três campos conceituais: a criação/produção, a percepção/análise e o conhecimento da produção artístico-estética da humanidade, compreendendo-a histórica e culturalmente. A apropriação desses campos possibilitará reformulações qualitativas na escola e o desenvolvimento de saberes necessários para um competente trabalho pedagógico. A atitude pedagógica apoiada nos fundamentos teóricos e práticos da educação e da arte contemporânea instala um modo de pensar capaz de gerar processos educativos propositores de ações para poetizar, frui e conhecer arte para a formação de pessoas em sintonia com o seu tempo.
Na palavra projeto está contida uma intencionalidade, que ainda é um vir a ser. Algo, como a arte, citando Pareyson, é “um tal fazer, que enquanto faz inventa o por fazer e o como fazer”. Pensar o aprendiz e o processo de aprendizagem com dinâmicas diferentes exige transformar as atividades isoladas das aulas de arte em um ensinar/aprender arte através situações de aprendizagem com seqüencias articuladas, continuamente avaliadas e replanejadas. Esse modo de trabalhar envolve a investigação do professor, atento ao seu grupo e ao conteúdo que quer ensinar.
Ao desenvolver-se na linguagem da arte contemporânea, tanto o professor quanto o aprendiz apropriam-se do pensamento da própria arte. E ao ressignificar o mundo por meio da especificidade da linguagem artística, mais poder de percepção sensível, memória significativa e imaginação criadora terão para formar consciência de si e do mundo.
Objetivos:
- incentivar a formação de docentes de Artes com uma visão mais ampla e atualizada da área
- contribuir para a valorização e autonomia de pensamento do magistério
- inserir os licenciandos no cotidiano de escolas
- perceber as escolas públicas como espaços de experimentação e de produção de conhecimento
- contribuir para a articulação entre teoria e prática