UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora

PIBIART 2018-2019 / 2021-2022

Você está em: Atividades > Laboratório Descolônia > PIBIART 2018-2019 / 2021-2022

site

Coletivo Descolônia – Projeto de Iniciação Artística para Grupos Artísticos 2018-2019 e 2021-2022 com 02 bolsas

Apesar do projeto pedagógico inovador do Bacharelado Interdisciplinar em Artes e Design, do Instituto de Artes e Design, a matriz curricular exclui, da maioria de suas ementas, artistas e autores afrodescendentes, indígenas e latino-americanos. Desta forma, após a política de ações afirmativas, nota-se como o IAD coloriu-se, mas suas aulas, infelizmente, continuam com uma abordagem eurocêntrica e epistemicida.

Ou seja, fazem-se necessárias disciplinas, laboratórios, espaços de formação complementar e profissionais docentes que apresentem uma formação que possa dialogar com a realidade dos alunos cotistas para que se evite o aumento das taxas de evasão que são crescentes entre os alunos oriundos de escolas públicas, negros, pardos, indígenas e cotistas.

Desta forma, o coletivo vem propor neste projeto o desafio da descolonização da produção artística, a partir de afro-poéticas de resistência a partir da metodologia cíclica e ritualística elaborada para o projeto de extensão, que consiste em etapas com atividades similares que vão se desenvolvendo em espiral, sempre a partir dos resultados alcançados pelos participantes, gradativamente aprofundando o processo de aprendizagem e alimentando a produção poética.

O objetivo geral do projeto é implementar processos afro-poéticos de resistência baseados em metodologia descolonial para formação de artistas e arte-educadores.

Objetivos específicos:

Metodologia do Preto ao Cubo:

No espaço sagrado da galeria branca, o preto se manifesta em três dimensões: a poética, a resistência e a aprendizagem. Na dimensão poética, as poéticas individuais expressam coletivamente o malungo, que, genericamente nas línguas bantos, “ilustra como os escravos da África banto podiam encontrar-se, através de palavras, não apenas no mesmo ‘barco’ semântico, mas no mesmo mar ontológico”. Na dimensão de resistência, o coletivo se organiza como um quilombo, para literalmente resistir ao extermínio da população negra que não aceita a colonização cultural, religiosa e política que vem tentando se impor. Na dimensão da aprendizagem, o coletivo se reúne para levantar e discutir produções acadêmicas e poéticas negras e pensar novas formas de ensinar, aprender e produzir conhecimento, sobrevivendo à longa história de epistemicídio que assola a sabedoria que vem de África.

Estas atividades cíclicas acontecem mês a mês, traçando paralelos entre as etapas de um projeto de pesquisa científica, etapas de um projeto artístico e a lógica cíclica de um ritual:

  1. Introdução temática no Sarau Dia preto: similar à celebrações populares, mas com um toque de flash mob contemporâneo, com varal de releitura de obras de artistas descoloniais, feira de produção dos participantes, apresentações e microfone aberto para manifestações poético-políticas.
  2. Delimitação de um problema em Roda de Conversa: similar à prática da reunião de conselhos, em que questões pontuais suscitadas no sarau são levantadas e discutidas por todos os participantes, sem a hierarquia apresentador-plateia e, sempre que possível, com a presença de convidados externos.
  3. Apresentação de hipóteses  no Cinedebate: exibição de produção audiovisual produzida por artistas descoloniais com posterior debate, como possibilidades de abordagem e solução dos problemas discutidos na roda de conversa.
  4. Elaboração e execução de Procedimentos nas Oficinas: momentos de ensino-aprendizagem teórico-práticos com foco na instrumentalização dos participantes em meios de expressão, centrais ou periféricos, mas apresentados sob o ponto de vista descolonial, que lhes permitam materializar suas poéticas inspiradas nos temas, problemas e hipóteses das atividades anteriores.
  5. Resultados, Conclusão e Desdobramentos em Exposição: ocupação transgressora de espaços tradicionais da arte, como galerias, e centros culturais e ocupação de espaços tradicionalmente não-artísticos, pelos participantes e convidados, apresentando a produção emergente das atividades anteriores.

Bolsistas 2021-2022:

Laboratório Interdisciplinar de Linguagens