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Projetos de pesquisa em andamento
A imprensa como trunfo: sistematização e análise dos ideais conservadores no Sigma – Jornais Reunidos
Coordenador: Leandro Pereira Gonçalves
A Ação Integralista Brasileira (AIB), movimento nacionalista de cunho autoritário, fundou em 1935 o Sigma- Jornais Reunidos (os periódicos circulavam desde a fundação da AIB, em 1932) um consórcio jornalístico com jornais e revistas em circulação por todo o território nacional. A rede de propaganda integralista utilizava-se além de jornais também de livros e do rádio para divulgar seus componentes ideológicos. Os jornais em geral tinham como propósito popularizar a doutrina produzida pelas lideranças do movimento, porém os jornais diários apresentavam também discussões sobre os principais acontecimentos da vida política nacional e internacional. O projeto propõe o mapeamento, catalogação e análise crítica do conteúdo dos periódicos integralistas, com o objetivo de compreender a diversidade regional do integralismo através dos mais variados periódicos, além de verificar a formação intelectual dos autores de artigos nos principais jornais do integralismo brasileiro.
As controvérsias públicas em torno da Comissão Nacional da Verdade: ditadura, história e memória púbica
Coordenador: Fernando Perlatto
A presente pesquisa analisa o debate público em torno da Comissão Nacional da Verdade (CNV). Para tanto, são pesquisados editoriais e artigos de opinião publicados em jornais de circulação nacional, bem como manifestos e notas públicas organizadas por intelectuais, ativistas sociais, instituições e entidades profissionais, de classe e clubes militares, procurando-se identificar e analisar os principais argumentos mobilizados tanto para a defesa, quanto para a contraposição à criação e ao desenvolvimento das atividades da CNV. O período investigado pela pesquisa compreende desde o momento inicial da constituição, em 2010, do grupo de trabalho responsável pela elaboração de um anteprojeto de lei para a criação da CNV, passando pela aprovação no Congresso Nacional do projeto de Lei nº 12.528, de 18 de novembro de 2011, que instituiu a comissão, e pela sua instalação em maio de 2012, até o momento posterior à publicação do Relatório Final, da CNV, em dezembro de 2014. A pesquisa também analisa o debate público em torno da CNV a partir uma perspectiva comparativa tomando como base a análise dos debates públicos que tiveram curso em outros países, quando da criação de comissões com perfis semelhantes, a exemplo da Comissão Nacional sobre Desaparecimento de Pessoas, na Argentina, da Comissão da Verdade e Reconciliação, no Chile e da Comissão para Paz, no Uruguai.
As primeiras experiências corporativas brasileiras: processos políticos e debate intelectual
Coordenadora: Cláudia Viscardi
O projeto consiste no estudo das primeiras experiências corporativas brasileiras. Tem por fim analisar como elas se estruturaram, como se processou o debate sobre elas, tanto no âmbito da Constituinte de 1934, quanto na imprensa. Pretende-se também ver de que forma as propostas dos intelectuais nacionalistas e autoritários como Alberto Torres, Oliveira Vianna, Francisco Campos e Azevedo Amaral foram contempladas pela legislação a respeito e verificar de que forma as experiências em curso no Entre Guerras igualmente interferiram sobre o modelo posto em vigor. Iniciaremos as investigações na década de 1920 e as estenderemos até 1937. Além das fontes primárias bibliográficas, nos valeremos da análise dos Anais da Constituinte, da imprensa nacional e de alguns arquivos privados disponíveis.
Catolicismo e trabalhismo: Sebastião Leme e as estratégias de conquista do operariado brasileiro
Coordenador: Alexandre Luís de Oliveira
O objetivo deste projeto é investigar as relações estabelecidas entre o catolicismo no Brasil e a legislação trabalhista. Afastado oficialmente do Estado com o estabelecimento da República, o catolicismo enquanto instituição se articulou para se manter vivo e presente no país. A luta para manter representação social e política manteve várias frentes de atuação, entre elas a ação ativa de bispos e padres na preservação dos ritos e costumes religiosos, a criação de movimentos de aglutinação de fies leigos como o Centro Dom Vital e a Liga Eleitoral Católica, como também a tentativa de influenciar as relações trabalhistas na perspectiva de afastar o comunismo e assumir o papel de regulador das relações do trabalho no Brasil. Buscar analisar a atuação de Sebastião Leme como bispo e posteriormente como Cardeal brasileiro e sua ação junto ao governo de Getúlio Vargas permitirá investigar os ganhos e perdas que o catolicismo acumulou nos anos 1930 em seu projeto de influência das relações do trabalho no país. A presenta investigação tem como objetivo estabelecer a participação católica no Governo Vargas no âmbito do trabalhismo partindo da atuação do Cardeal brasileiro, porém, não ficará restrita à figura do religioso, também irá abarcar membros do clero e do laicato que estiveram engajados nesta demanda do catolicismo no Brasil.
Censura ao cinema no final da ditadura militar: limites da abertura na gestão de Solange Hernandes na DCDP (1981-1985)
Coordenador: Wallace Andrioli Guedes
O presente projeto de pesquisa propõe análise do funcionamento da censura ao cinema nos anos finais da ditadura militar (1964-1985), com foco específico nas gestões de Ibrahim Abi-Ackel no Ministério da Justiça e de Solange Hernandez na Divisão de Censura de Diversões Públicas, entre 1981 e 1985. Busca-se problematizar, a partir de tal análise, a linearidade do processo de abertura política no campo censório, discutindo-se, a partir do estudo dos processos de filmes que passaram pela DCDP no referido período, um possível recrudescimento, ou ao menos manutenção, da censura à arte política sob Abi-Ackel e Hernandez. Trabalha-se, ainda, na perspectiva de compreensão das complexas relações estabelecidas entre os órgãos censórios, o regime ditatorial e a sociedade, escapando de leituras que, tendentes ao maniqueísmo, se encontram ainda fortemente arraigadas nas memórias referentes àqueles anos.
Cultura Associativa em Perspectiva Comparada; Brasil e Portugal (1870-1914)
Coordenador: Ronaldo Pereira de Jesus
Análise do processo de formação das classes trabalhadoras em perspectiva comparada no Brasil e em Portugal, entre 1870 e 1914, a partir da investigação histórica do fenômeno associativo em geral e do mutualismo em particular, entendidos como expressão da cultura associativa dos trabalhadores urbanos.
Elisa Branco – uma vida em vermelho
Coordenador: Jorge Ferreira
Elisa Branco Batista foi militante do Partido Comunista do Brasil desde 1945, atuando ativamente nas tarefas partidárias, em particular nas organizações femininas e nas campanhas pela paz. Em 1950 ela recebeu a arriscada tarefa de, durante desfile militar do 7 de setembro, no Vale do Anhagabaú, em São Paulo, abrir enorme faixa com os dizeres: “Os soldados nossos filhos não irão para a Coréia”. Presa pela polícia, ela foi condenada pela Lei de Segurança Nacional a mais de quatro anos de detenção. Os comunistas patrocinaram ampla campanha por sua libertação. Elisa tornou-se figura enaltecida no movimento comunista, sobretudo nas Campanhas pela Paz. Após cumprir parte da pena, em 1952 ela ganhou o Prêmio Stalin da Paz, honraria dedicada a artistas, intelectuais e políticos de renome internacional. Elisa Branco é citada, sempre de maneira superficial em memórias de militantes, e sua atuação política ainda não mereceu estudo mais aprofundado. Este é o propósito central do projeto de pesquisa.
Neofascismo e Transnacionalismo
Coordenador: Odilon Caldeira Neto
A presente pesquisa é dedicada à análise do neofascismo em amplitude transnacional, de modo a discutir a circularidade de ideias e de atores neofascistas no âmbito da extrema direita. Além disso, propõe interpretar as relações de rupturas e continuidades erigidas da transição do fascismo histórico ao neofascismo, assim como as fases e clivagens do neofascismo como objeto histórico. Para isso, utiliza-se algumas balizas temporais e temáticas, como as transformações das formas de organização (de partidos políticos legais ou ilegais à grupelhos dispersos), ou mesmo as formas de auto-enunciação desses grupos (de “pós-fascistas”, a “neofascistas”, passando por grupos “identitários”). Para empreender a análise de acordo com a perspectiva transnacional, observa-se não apenas as similaridades e divergências desses grupos de acordo com o método comparativo, mas também a convergência desses grupos e grupelhos quanto ao neofascismo e às suas pautas como um fenômeno transnacional.
O fascismo na América do Sul em perspectiva comparada – Brasil, Uruguai, Argentina e Peru
Coordenador: Leandro Pereira Gonçalves
A presença do fascismo na América Latina foi alvo de diversas pesquisas monográficas, entretanto estudos em caráter comparado não foram ainda suficientemente realizados. Este projeto, portanto, tem como propósito contribuir com a discussão da complexa questão que envolve o fenômeno fascista no continente sul-americano no período dos anos 30 do século XX, momento expresso pela denominação ?era do fascismo?. Busca-se a identificação de movimentos do fascismo extraeuropeu em uma perspectiva comparada e pautada no conceito fascismo genérico. Com base em tais aspectos, ocorrerá uma interpretação analítica e documental de quatro movimentos ou partidos fascistas sul-americanos que apresentam relações com o fascismo clássico. O processo comparativo será pautado pela Ação Integralista Brasileira, em um aspecto transnacional, pela Legión Cívica Argentina, pela Acción Revisionista del Uruguay e pelo movimento fascista peruano, Unión Revolucionaria. O projeto possui apoio do CNPq através da Chamada Universal MCTIC/CNPQ n.º 28/2018 – Faixa A e do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC).
Sistema de Saúde, Mercado e Inovação Farmacêutica: o caso brasileiro em perspectiva comparada
Coordenador: Ignacio José Godinho Delgado
Sub-projeto, vinculado ao Complexo Econômico Industrial da Saúde (CEIS), Inovação e Dinâmica Capitalista: Desafios Estruturais para a Construção do Sistema Universal no Brasil, coordenado por Lígia Bahia, da UFRJ. Chamada N º 41/2013 MCTI/CNPq/CT-Saúde/MS/SCTIE/Decit – Rede Nacional de Pesquisas sobre Política de Saúde: Produção de Conhecimento para a Efetivação do Direito Universal à Saúde / Linha 4 – Estudos sobre a evolução do Complexo Econômico Industrial da Saúde (CEIS) e a inovação tecnológica no Brasil. Processo 405077/2013-0 Aborda as conexões entre a política de saúde e as políticas industrial e de inovação para o setor farmacêutico no Brasil, desde 2003.
Trabalho, História e Cinema
Coordenadora: Valéria Lobo
O projeto visa analisar o modo como o mundo do trabalho e sua história se expressam em linguagem cinematográfica. Desde de suas origens, o cinema possui uma ligação estreita com a história, constituindo-se em veículo de difusão de interpretações acerca da história da humanidade em seus mais variados aspectos. Nos últimos tempos, a relação entre cinema e história tem sido encarada como um campo de estudos inovador e relevante, suscitando a reflexão de um número crescente de pesquisadores da área de história. Partindo de uma análise cuidadosa a respeito dos principais aspectos envolvidos no debate historiográfico referente ao tema, o presente projeto visa investigar o modo como os processos de trabalho em universos fabris situados entre as chamadas eras “fordista” e “toyotista” foram abordados em filmes realizados em diferentes países entre os anos 1930 e 2000..
Trajetória Política de Francisco Campos
Coordenadora: Cláudia Viscardi
Trata-se de uma biografia da vida intelectual e inserção política de Francisco Campos. Pretende-se analisar a trajetória de uma das mais influentes lideranças políticas do Brasil, que teve participação relevante ao longo de boa parte do período republicano. Participou da Primeira República e contribuiu para o seu desmonte; foi personagem destacado na República Nova e um dos articuladores do golpe do Estado Novo; em seguida, foi um dos mais importantes arquitetos do regime autoritário de Vargas, bem como um daqueles que ajudou a pôr fim ao regime. Já ao final de sua vida, destacou-se como um dos articuladores do golpe de 1964. Para além de sua inegável presença no cenário político nacional, Francisco Campos produziu vasta obra, composta de análises políticas, artigos na imprensa, textos jurídicos, bem como literários. Em que pese a sua marcante presença no cenário político e intelectual republicano, até então, não há nenhuma biografia sobre ele, o que torna a proposta original. Longe se encontra o presente projeto de realizar uma biografia enaltecedora de um líder autoritário, mas ao contrário, acreditamos que o estudo de sua trajetória possa contribuir para afastar do imaginário político brasileiro as recorrentes tentativas de interrupção do regime democrático.