Cerca de trezentos livros literários foram entregues esta semana à Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio – EJA – PPACP, antiga Ariosvaldo Campos Pires, que fica dentro da Penitenciária de Juiz de Fora II, no bairro Linhares. O material didático foi arrecadado junto aos formandos do Colégio de Aplicação João XXIII que doaram os livros com o objetivo de contribuir com a formação dos jovens em regime fechado de prisão.

A ideia surgiu durante a II Troca de saberes e fazeres indígenas e quilombolas on line do CAp/ UFJF, realizada em setembro de 2020 e organizada pelas professoras de Educação Física Cátia Duarte e Lilian Gil, apoiada pela direção do Colégio, bolsistas e formandos dos 3º anos do Ensino Médio.

A partir de indicações das lideranças que participaram do evento on line, houve consenso de que todos precisam conhecer a história deste país para fazer projetos e buscar concretizá-los. Em outubro, vários professores, pessoas da comunidade escolar, sebos e editoras da cidade doaram obras para a proposta. Em novembro reiniciaram os diálogos entre a professora do CAp e as professoras Leilane Rizzo e Lídia Mendonça da Escola Estadual. Em dezembro, após todo um protocolo de segurança, o material chegou ao destino.

projetolivroliterarioA professora Cátia explica que o projeto estimula a leitura ao permitir que a entrega de uma resenha de livro equivalha a redução de quatro dias de pena, mas algumas demandas ainda precisam ser administradas a partir da aquisição desses livros. Muitos detentos estão com problemas de visão, o que os impede de seguir no projeto de remição de pena do judiciário de Juiz de Fora.

Ainda de acordo com Cátia, a situação se agrava pelo preconceito que atrapalha a comunicação dos internos com alguns setores que poderiam contribuir para minimizar problemas de saúde, melhorar o acesso à educação e promover a inclusão social. “Para mudar essa história é fundamental políticas públicas para reinserção destes indivíduos ao mundo externo que os receberá assim que adquirirem a liberdade. É preciso sonhar, mas para acreditar no sonho, é fundamental acreditar em si”, conclui a professora.