Você está em: Edições Anteriores > Volume 03 - Número 1 - Novembro de 2010 > Editorial
Um tema recorrente entre estudiosos e pesquisadores, nas duas últimas décadas, tem sido a questão da adequação da Educação a uma sociedade cada vez mais complexa, em decorrência das transformações na esfera tecno-produtiva e comunicacional. Assim, a educação, que sempre foi criticada por, pouco ou superficialmente, alterar seus horizontes e fundamentos, tem hoje um grande salto a dar na tentativa de dialogar com um mundo que se move pelo universo multidimensional da cibercultura.
A par disso, a Revista Darandina propôs-se, no presente número, a debater o papel da Teoria Literária e suas possíveis contribuições no âmbito do ensino e, mais especificamente, no agenciamento de leitores(as) e interatores(as) para diferentes suportes.
O ato de ler é por em movimento sentidos, é o mecanismo acionador da autoria de textos e singularidades. Comprometer-se com esse ato é uma responsabilidade que a educação, que tem por pilares o “aprender a conhecer”, o “aprender a fazer”, o “aprender a viver juntos” e o “aprender a ser”, não deve negligenciar.
Neste número, aqueles(as) que por aqui navegarem – nos artigos e resenhas publicados – encontrarão alguns apontamentos que rondam o universo leitura/literatura/ensino. Assim, vislumbrarão as possibilidades trazidas pelas novas tecnologias na constituição do imaginário infantil; o lugar na escola nesse novo “ambiente” e as possibilidades de autoria advindas do espaço hipertextual. Há também questionamentos e preocupações que perpassam: pelo lugar canonizado ocupado por algumas obras nos livros didáticos; pelo evidente investimento da indústria cultural na diversão em detrimento da reflexão humanizadora; pelo desinteresse pela leitura e literatura em uma sociedade de consumismo e imediatismo.
A distância entre os estudos acadêmicos em literatura e sua prática no ensino e, a busca de um papel mais independente para a literatura frente ao ensino da língua – vistos comparativamente no Brasil e Argentina – também mereceram destaque, bem como, a ressignificação da literatura de massa, no âmbito da construção de leitores(as), a partir de uma visão que lhe confere um papel de caminho a ser trilhado para outras textualidades.
Essas temáticas dão o tom a uma discussão que não deve se encerrar, mas permanecer em movimento, como passagens, lances, assim como é a vida, o mundo, os acontecimentos.
Lúcia Joviano
Comissão Editorial da Darandina Revisteletrônica
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