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Rótulos nas embalagens deverão trazer mais informações

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Segundo pesquisa do IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), 40% dos entrevistados não sabe. E por que não sabe? Porque não consegue entender as tabelas nutricionais impressas nas embalagens desses alimentos. O próprio IDEC diz que esse percentual é maior que 40%, em virtude do nível de instrução: mais de 70% dos entrevistados tinha nível superior. É sabido que a desinformação afeta mais os menos instruídos.

 

Essa desinformação deve-se às confusas tabelas de ingredientes e propriedades nutricionais impressas nas embalagens, que não esclarecem ao público o que está consumindo. Com base nisso, o IDEC, apoiado por diversas instituições e entidades ligadas à saúde, propôs a mudança dos rótulos. Indicou um modelo elaborado pela UFPR (Universidade Federal do Paraná) que é recomendado pela Organização Panamericana de Saúde (OPAS) e que já é adotado no Canadá, Israel, Chile e Peru.

 

Desde 2014 um Grupo de Trabalho da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) está estudando essa mudança de rótulos. São dois modelos sugeridos: o do IDEC, frontal e com mais informações; e o das indústrias alimentícias. Recentemente o modelo das indústrias foi excluído do processo, mas os fabricantes de alimentos já apresentaram um novo modelo para contrapor ao apoiado pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), USP (Universidade de São Paulo), Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva) e outras entidades.

 

Selo do IDEC busca informar danos à saúde

O modelo de rotulagem do IDEC tem um selo frontal, ao contrário do que é hoje, às costas da embalagem. O selo informará que se trata de alimento processado ou ultraprocessado, como refrigerantes, sopas e massas instantâneas, biscoitos, salgadinhos, nuggets, pizzas congeladas, salsichas e assemelhados. Esses produtos são os responsáveis pela epidemia de obesidade e de pressão alta que está acometendo até crianças em idade pré-escolar.

 

Este selo também indicará se há excesso de componentes prejudiciais à saúde. Alimentos com esse selo não poderão usar apelos de venda a crianças, tais como personagens, desenhos e brindes. Também não poderão exibir informações como “rico em fibras” ou “0% gordura trans” no intuito de transmitir uma imagem de “produto saudável”.

 

Outras informações que devem constar no novo rótulo são: Ingredientes culinários: sal, açúcar, óleos vegetais e gorduras como a manteiga, deverá haver uma advertência para usar o produto com moderação. Texto legível: tamanho mínimo da letra, tipografia específica, fundo branco, espaçamento adequado. Porções reais e comparáveis: as informações deverão ser apresentadas por 100g ou por conteúdo completo da embalagem, facilitando comparações. Lista de ingredientes mais visível: declaração do número total de ingredientes.

 

Indústrias pressionam por rótulos menos “alarmistas”

Temendo perder vendas de seus produtos, a indústria propõe um modelo de rotulagem menos “alarmista”, como frisa em seu site a ABIA (Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação). O rótulo apresentado inicialmente pela ABIA foi excluído do processo, mas a associação da indústria alimentícia apresentou uma nova versão que mantém o modelo semáforo.

 

 

O novo modelo continua com os alertas verde, vermelho, amarelo, em semáforo, e acrescenta apenas as palavras baixo, médio, alto para açúcares, gordura saturada e sódio, “que é o que importa”, nas palavras da assessoria de imprensa da ABIA. O novo selo segue sem citar outros componentes. Em essência, o selo dos fabricantes de alimentos é o mesmo que o apresentado anteriormente e que havia sido rejeitado pelo grupo de estudos da Anvisa.

 

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Segundo Noemia Goldraich, coordenadora e fundadora há 4 anos do Núcleo Interdisciplinar de Prevenção de Doenças Crônicas na Infância da UFRGS, a nova rotulagem é uma determinação da ONU para melhor informar a população. Noemia adverte que diabetes, sobrepeso e pressão arterial alterada foram constatados em todos os níveis de pesquisa. “Essas alterações estão diretamente associadas a uma alimentação com excesso de sal, açúcar e gorduras, encontradas em produtos ultraprocessados, que passaram a fazer parte da nossa alimentação, em substituição à comida de verdade”, salienta.

 

Fonte: CFN – Conselho Federal de Nutricionistas