O povo Puri, um dos grupos indígenas do Estado de Minas Gerais, terá sua sabedoria e espiritualidade apresentada em evento que acontece nesta terça-feira, 19, no Anfiteatro 3 do Instituto de Ciências Humanas (ICH) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), às 19h. Além de palestra e atividade cultural, haverá também o lançamento do livro “Morukah Puky”, publicado em português e na língua Puri, de matriz Macro-Jê.

Para apresentar o tema, foram convidados a escritora e historiadora Aline Rochedo Pachamama, e o escritor, tradutor e um dos últimos falantes fluentes na língua Puri, Marcos Apoena Puri. Aline argumenta que a importância de sua etnia no passado de Juiz de Fora caiu no esquecimento e lamenta a forma como nos é passada a história do país. “Quando a gente vai trabalhar nossa história, sempre começamos a contá-la a partir da chegada do outro – do europeu – como se essa terra já não estivesse ocupada antes”.

Com o intuito de ter o próprio espaço para contar sua história, Aline criou a Pachamama Editora, através da qual publicou o livro que será lançado nesta terça-feira, 19, “Morukah Puky”. O fato de ser uma publicação bilíngue é essencial para reconhecimento da identidade Puri, que no passado precisou se deslocar em pequenos clãs, fugindo da opressão. Com isso, embora a sabedoria e o povo tenham se mantido, perderam-se dados e idiomas.  “Nossa tarefa como etnia é visitar os espaços para preservar a história e criar elos com as pessoas da nossa cultura”, afirma Aline, que é mestre em História Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF).

Professora do curso em Ciência da Religião e Integrante do Grupo de Pesquisa em Religiões e Religiosidades Indígenas, Maria Cecília Simões comenta que um esquecimento acomete a sociedade a respeito de suas raízes indígenas, sendo exaltado, na maior parte das vezes, apenas o passado familiar de origem europeia. “Esses saberes foram marginalizados por décadas e têm pouca inserção no meio acadêmico. E é fundamental para o Brasil que aprendamos a lidar com esse tema e essa diversidade em nossa realidade atual, especialmente por nosso histórico e a forma lamentável como a cultura Puri, e indígena, de modo geral, foi tratada ao longo dos anos”.

Aline Rochedo conta que, no evento, participará do núcleo voltado para a questão da religiosidade e tentará levar parte da vivência para o público. “Nós vamos compartilhar um momento e trazer a nossa história aprofundada. Também vai ter cânticos e queremos que as pessoas participem”, diz a historiadora.

O evento é aberto ao público. Além do lançamento do livro e da palestra, haverá ainda uma atividade cultural, com apresentação de instrumentos musicais e objetos de artesanato. Não há necessidade de inscrição prévia e os interessados em certificado só precisam assinar a lista de presença disponibilizada no local.

A Pachamama Editora possui um canal no youtube, no qual é contada a história e tradição da etnia Puri.

Outras informações: 2102-3131 (Ciência da Religião)