Já deu uma olhada no calendário para ver qual o horário das partidas da Copa? Recebeu ou mandou um convite no grupo da galera para assistir aos jogos? Revirou o armário atrás de uma camisa verde amarela? Olhou as promoções de cerveja e carne no supermercado? Se sim ou com certeza, você – e grande parte do Brasil – está no clima da Copa.

Teve gente que foi mais longe e fez vaquinha para comprar uma TV e não perder nenhum lance. Mas, não foi brasileiro, não. Na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), os intercambistas estrangeiros também preparam suas torcidas.

Uniformizados e com álbuns da Copa, a torcida da república cultural latina está super animada (Foto: Iago Medeiros)

Uniformizados e com álbuns da Copa, a torcida da república cultural latina está super animada (Foto: Iago Medeiros)

Apaixonado por futebol, o peruano nascido na cidade de Callao Yobani Maikel Gonzales é doutorando em História na UFJF e sempre colecionou álbuns e brinquedos relacionados ao esporte. Para ele, a emoção em participar do Mundial tem o peso de mais de três décadas. Isso porque desde 1982 o Peru não disputava uma Copa do Mundo. “Eu e meus amigos nos juntamos para comprar uma televisão. Moramos aqui há anos e só agora, para assistir aos jogos, adquirimos uma. Contratamos canais a cabo e temos programação para todos os dias.”

Em Lima, Yobani viu a seleção peruana golear seu maior rival, o Chile, em 1995, na preparação para a Copa América. “Ganhamos de seis a zero e foi muito bom, porque sempre tem uma briga entre esses dois times.” Em relação ao Mundial, ele arrisca previsões e expectativas para cada jogo. “Para a Copa, estou confiante de que o Peru avance para a segunda fase, mas enfrentar a França pode ser uma dificuldade.” O melhor resultado da seleção foi o 7º lugar em 1970. Além da França, o Peru enfrenta a Dinamarca e a Austrália.

A venezuelana Rosa Virgínia Diaz Guerrero concluiu o mestrado em Fisiologia do Exercício, na Faculdade de Educação Física da UFJF, e faz parte da turma de Yobani. Ela conta que está em clima de festa, mas sem a tensão e ansiedade por resultados. “A Venezuela não vai jogar na Copa, mas eu torço pelos times da América Latina. Compramos a TV e temos uma dívida até o ano que vem, mas, pelo menos, vamos assistir aos jogos. Os latino-americanos são uma família aqui em Juiz Fora, vamos fazer comidas típicas e dançar muita salsa e merengue.”

A colombiana (Foto: Alice Coêlho)

A colombiana  Leonor Niño diz que em seu país a festa também toma conta das ruas (Foto: Alice Coêlho)

Outro país vizinho, a Colômbia também havia passado por um bom jejum sem se classificar para a Copa. O período de 16 anos longe dos campos foi quebrado no Brasil, em 2014. A seleção colombiana fez uma ótima campanha, terminando como líder do seu grupo e conseguindo chegar até as quartas de final. Foi eliminada pelo anfitrião por 2 a 1.

Segundo a doutoranda em História Leonor Cecília Pinto Niño, desde então a empolgação entre os torcedores de seu país vem crescendo. Natural de Cali, ela conta que a cidade fica por conta dos jogos, os bancos fecham e as escolas suspendem as aulas, já que “as pessoas fazem muita festa, compram camisetas e se reúnem tanto em suas casas, quanto nas ruas. Além disso, a cidade é a capital da salsa, então a festa é em dose dupla sempre”. Nesta edição, a Colômbia está no grupo de Japão, Polônia e Senegal.

Asiáticos sem grandes expectativas

 (Foto: Twin Alvarenga)

Kazuma está ‘de boas’, prefere menos tumulto e acha que o Japão não vai longe (Foto: Twin Alvarenga)

Vindos do outro lado do mundo, intercambistas do Japão e da Coréia têm demonstrado grande interesse pelo Brasil, pela cultura e língua. Já pelo futebol, nem tanto assim.

“A maioria dos coreanos não espera muito resultado dessa Copa. Nosso grupo tem times como o da Alemanha, do México e da Suécia, que são muito fortes. Mas, é como eu sempre falo, a bola é redonda, tudo pode acontecer e ninguém sabe o futuro”, diz o sul-coreano Sehyoung Lee, que veio para o Brasil para aprimorar o português.

Ele observa ainda que “apesar de o futebol ser o esporte mais famoso na Coréia do Sul, o investimento, comparado a outros países, é fraco. E, infelizmente, a liga européia é mais popular que a coreana no próprio país”.

O japonês Kazuma Tsukamoto  conta que não se sente muito contagiado pelo Mundial. Ele acha que assistir aos jogos sem torcida é mais seguro. “Na minha cidade (Ushiko a 90km de Tóquio) até há expectativas, mas, em comparação, aqui no Brasil, tem muito mais. Eu não entendo muito sobre futebol, mas não acho que o Japão tenha muita chance de avançar.”

A primeira fase dos jogos começa em 14 de junho. Quatro times se enfrentam dentro dos oito grupos. Dois de cada grupo se classificam para a segunda fase, de mata-mata. A final será no dia 15 de julho, em Moscou.