Naercio Menezes Filho falou sobre como a semana do nascimento de uma criança e a renda familiar podem determinar o desenvolvimento do seu capital humano (Foto: Gustavo Tempone/UFJF)

Naercio Menezes Filho falou sobre como a semana do nascimento de uma criança e a renda familiar podem determinar o desenvolvimento do seu capital humano (Foto: Gustavo Tempone/UFJF)

O Programa de Pós-graduação em Economia (PPGE) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) recebeu, nesta quinta, 15, o professor titular do Insper e associado da Universidade de São Paulo (USP), Naercio Menezes Filho, para ministrar a aula inaugural do programa no semestre. Ele apresentou o trabalho “Hyperinflation, Income Stocks and Early Child Development: Longitudinal Evidence from Brazil”, um estudo guiado pelo seguinte questionamento: como a semana do nascimento de uma criança e a renda familiar podem determinar o desenvolvimento do seu capital humano?

Segundo Menezes, a inflação e o valor do salário mínimo, além de afetarem as condições econômicas da família, podem interferir no desenvolvimento cognitivo, psicológico e educacional e nas relações da criança com os pais. De acordo com a pesquisa, que formulou uma base de dados longitudinal para a cidade de Pelotas (RS), desde o ano de 1993, foi constatado que, quando o salário mínimo não estava alto, crianças que nasceram na quarta semana do mês tinham indicadores piores que aquelas que nasciam na primeira semana (como, por exemplo, índice de escolaridade baixo), mas quando o salário mínimo estava alto, as diferenças diminuiam.

Para o pesquisador, os primeiros momentos da vida de uma criança são cruciais, pois é quando o cérebro desenvolve determinadas funções e habilidades. Por isso, as condições em que ela vem ao mundo têm importância. “A pobreza pode afetar a saúde mental dos pais, o ambiente familiar como um todo e a relação entre mãe e filho, até influenciar no desenvolvimento da visão, da audição, da linguagem e do psicológico da criança.”

O pesquisador defende que as políticas públicas devem priorizar as crianças, e o quanto antes o fizerem, melhor, pois o grau de retorno será maior. “Quando uma criança tem bom desenvolvimento humano no início, ela terá ao longo de toda a vida.”

Para a professora e vice-coordenadora do PPGE, Fernanda Finotti Cordeiro Perobelli, a apresentação de Menezes contribui muito para que os alunos tenham contato com um estudo tão específico. “O Naercio, que já é um grande colaborador do nosso PPG, é uma referência nos estudos de microeconometria, como, por exemplo, de que forma processos hiperinflacionários podem afetar as decisões dos sujeitos, promover insegurança e desestabilizá-los tanto financeiramente quanto emocionalmente. Com certeza ele tem muito o que passar para os estudantes.”

Aluno do Mestrado em Economia, Diogo de Melo elogiou as múltiplas possibilidades da pesquisa de Menezes. “Somos apresentados a outras dimensões do que estamos acostumados a ver aqui, como o diálogo entre a área da saúde e a economia. É uma pesquisa interdisciplinar, o que, para mim, aumenta seu poder de persuasão. Estando no Mestrado é importante pensar de outras formas, pois agregar argumentos de áreas diferentes e externas pode ajudar muito na recepção e compreensão da pesquisa.”  

Outras informações
(32) 2102-3543 –  Programa de Pós-graduação em Economia