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Laís Coutinho Roxo ressalta que a representatividade das mulheres na cultura pop é um processo em constante alteração (foto: Gustavo Tempone/UFJF)

A representação das mulheres nos quadrinhos e suas mudanças no decorrer dos anos motivaram a aluna Laís Coutinho Roxo a desenvolver a dissertação de mestrado “Girlpower: a representação do feminino nos quadrinhos.” A pesquisa foi apresentada no Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), no último dia 8.

O estudo mostra que mudanças na representação de personagens femininos começaram a ser tornar mais nítidas a partir da década de 1990, junto ao surgimento do movimento feminista ‘Girlpower’,  difundido pelo grupo musical inglês Spice Girls, que tinha como bandeira o empoderamento feminino. “A pesquisa aborda os anos 90, sobre personagens femininas nos quadrinhos, que eram geralmente envolvidas em histórias de amor. Nos anos sequentes, os desenhos começaram a ter  mudanças nos personagens femininos, como as Três Espiãs Demais, As Meninas Super Poderosas, todas com essa forma de mulheres protagonistas fortes”, ressalta Laís.

 De acordo com a pesquisadora, a representatividade das mulheres na cultura pop é um processo em constante alteração. Neste contexto, as mudanças acontecem desde a produção dos quadrinhos, que antes eram feitos principalmente por homens. “Homens representavam como eles entendiam o que eram mulheres. As personagens femininas não tinham camadas psicológicas, elas eram sempre personagens de apoio, não tinham história própria. Quando elas começaram a ter protagonismo, eram reduzidas a estereótipos, ou seja, figuras maternais eram sempre sujeitas idosas, elas não podiam ser mulheres jovens. As heroínas eram sexualizadas, mas tinham um ar mais inocente, as vilãs eram sexualizadas, mas tinham noção da sexualidade, como se fosse uma coisa ruim”, explica a mestranda.

 Ainda de acordo com a acadêmica, as mudanças na retratação das personagens femininas trazem impactos importantes na formação de crianças e de adolescentes que consomem as histórias e que acabam se identificando com as personagens fortes e independentes. “As Meninas que cresceram com as Três Espiãs Demais, Meninas Super Poderosas, tinham uma identificação de independência. A partir do momento que foram crescendo e foram entrando no mercado, elas começaram a se inserir no meio e a mudar as histórias, atuando como quadrinistas ou roteiristas”, destaca Laís.

Representação divide opiniões

O professor orientador, Potiguara Mendes da Silveira Júnior, falou sobre as críticas por parte dos pesquisadores às alterações nas características das personagens. “As críticas dizem respeito sobretudo aos modos como as questões contemporâneas são tratadas: se são comerciais ou estereotipadas demais, se contribuem para a manutenção de uma visão machista anterior. Mas, do ponto de vista dos e das fãs, parece que sentem que, mesmo não concordando quanto a detalhes, suas preocupações – empoderamento, representatividade social e política – têm sido expressas com competência nas HQ e nos filmes.”

Contatos:
Laís Coutinho Roxo (mestranda)
laiscroxo@gmail.com

Potiguara Mendes da Silveira Júnior (orientador – UFJF)
potiguaramsjr@uol.com.br

Banca Examinadora:
Prof. Dr. Potiguara Mendes da Silveira Júnior (UFJF)
Prof. Drª. Gabriela Borges Martins Caravela (UFJF)
Prof. Drª. Marisol Barenco de Mello (UFF)

Outras informações:  (32) 2102 – 3616  – Programa de Pós-Graduação em Comunicação