2017relatorio

“O ano de 2017 pode ser considerado um ano de luta pela universidade pública e de resistência aos ataques que as universidades sofreram”. Este foi o tom que o Reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Marcus Vinicius David, utilizou para definir o trabalho da gestão “Reconstruir a UFJF” – encabeçada por ele e pela Vice-reitora Girlene Alves – ao longo do ano passado.

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Apesar das dificuldades impostas pelo cenário nacional, reitor Marcus David destaca que a Universidade cumpriu um ano com muito sucesso, com muitas realizações de programas (foto: Twin Alvarenga/UFJF)

Segundo David, as dificuldades enfrentadas não se deram apenas pela crise econômica enfrentada pelo país, que acaba por gerar redução de recursos financeiros, mas pelos constantes ataques que as universidades receberam e questionamentos sobre a sua legitimidade. “Apesar disso tudo, faço uma avaliação positiva na UFJF. A Universidade cumpriu um ano com muito sucesso, com muitas realizações de programas, como foram mostrados nas avaliações feitas pelas diversas pró-reitorias, e nós tivemos êxito, principalmente, em conseguir deixar claro para a sociedade, para a região e para a nossa cidade a imensa importância da UFJF”, pondera.

Girlene reitera as palavras do Reitor: “2017 foi um ano desafiador porque, na perspectiva de Estado brasileiro, a educação pública recebeu ataques de diversas frentes e, quando isso acontece, o reflexo é muito forte dentro das universidades públicas. Ataques  que tentaram esvaziar o papel da universidade pública no nosso país. A UFJF não se curvou diante desses ataques. As ações realizadas pela UFJF evidenciam os avanços, mas também sinalizam desafios a serem perseguidos”.

Retomada das obras paralisadas

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Vice reitora, Girlene Alves, ressalta a conclusão de duas obras e o processo de finalização de outras quatro (foto: Twin Alvarenga/UFJF)

Marcus David destaca a luta da Gestão em retomar as obras que se encontram paralisadas na Universidade. Em 2017, duas das principais edificações foram entregues: a Moradia Estudantil, inaugurada em junho, e o novo Centro de Ciências, aberto em julho. “Continuamos a superar os diversos problemas que nós temos com as obras que encontramos paralisadas. Em algumas dessas obras, já tivemos êxito e devemos entregar, no início deste ano, pelo menos mais quatro. Mas alguns grandes desafios permanecem, como o tema do Hospital Universitário, o campus de Governador Valadares, que são desafios que se tornam muito graves, em função da crise orçamentária que estamos vivendo”. 

Para a Vice-reitora, a redução no aporte financeiro para as universidade e, em especial, para a UFJF, possui um impacto decisivo na retomada das obras paradas. “Com uma certa dificuldade, conseguimos, no ano de 2017, concluir duas obras. Estamos em fase de finalização de outras quatro obras, que são necessárias, pois a Universidade aderiu ao processo de expansão mas, em sua estrutura, ainda não assegura todas as condições necessárias”.

Trabalho junto ao campus avançado

Segundo Marcus David, um dos principais desafios enfrentados pela comunidade acadêmica da UFJF-GV foi o término do contrato com a Universidade Vale do Rio Doce (Univale), onde funcionavam os cursos da área da saúde. “Isso claramente gerou muitos desafios, muitos obstáculos, transtornos, mas a comunidade se envolveu muito. No que diz respeito à retomada na obra do campus, esse projeto avançou também sob o ponto de vista jurídico, do que está sendo tratado junto à Justiça para desenrolar esse projeto”, afirma.

Ainda de acordo com o Reitor, uma comissão de plano diretor está revendo os projetos de edificação do campus. “Nós já devemos elaborar novos projetos executivos para a retomada das obras. Tudo isso resolvido, teremos que contar com o apoio do Governo para liberar os recursos necessários à retomada da obra”.

Para Girlene, a não edificação dos prédios do campus avançado potencializa os desafios enfrentados pela comunidade acadêmica de GV. “Embora tenhamos avançado, também precisamos de recursos e isso depende de uma sinalização do Governo Federal. O que se torna claro, para a comunidade acadêmica, é que aquele projeto de campus precisa ser revisto, readequado para a nova realidade econômica do Brasil, sem no entanto, comprometer uma formação de qualidade”, argumenta.

Luta contra as diversas de preconceito

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Mesa de abertura do Seminário “A diversidade na UFJF: integrando as Ações Afirmativas e os espaços formativos na Graduação” (foto: Alexandre Dornelas/UFJF)

Marcando a instauração do Fórum Permanente de Diversidade, no dia 5 de abril de 2017 aconteceu o Seminário “A diversidade na UFJF: integrando as Ações Afirmativas e os espaços formativos na Graduação”. O evento foi uma iniciativa da Diretoria de Ações Afirmativas (Diaaf), em parceria com as pró-reitorias de Graduação (Prograd) e de Assistência Estudantil (Proae), com o objetivo de favorecer reflexões acerca das ações desenvolvidas nos âmbitos da inclusão e da acessibilidade das pessoas com deficiência, da identidade de gênero e diversidade sexual, da vulnerabilidade social e das relações étnico-raciais dentro do espaço universitário. “Alí foi gestada a implantação do Fórum Permanente de Diversidade e isso já sinalizou, de uma forma muito clara, o que a UFJF precisa avançar nas políticas afirmativas”, avalia a Vice-reitora.

Girlene acrescenta: “No plano ideológico-político, a UFJF também enfrentou a crítica, as provocações, porque foi um ano de combate ao preconceito, ao racismo, à discriminação. Nossa Instituição enfrentou isso e precisa continuar enfrentando; não podemos tolerar nenhum tipo de preconceito e, neste sentido, a Universidade teve este papel de protagonismo, porque seus três segmentos se envolveram na defesa dessa bandeira”.

Inclusão e acesso ao ensino superior público

Durante 2017, as discussões no Conselho de Graduação (Congrad) e deliberações do Conselho Superior (Consu) da Universidade trouxeram uma novidade para a edição 2018 do Programa de Ingresso Seletivo Misto (Pism): o Módulo III do Programa reservou, para os ingressos no primeiro e no segundo semestre deste ano, 50% do total de vagas na UFJF; as demais 50% foram destinadas para ingresso via Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Até então, a relação era de 30% de vagas para o Pism e 70% para o Sisu.

 A alteração do percentual foi feita para melhor aplicação das resoluções do Decreto nº 9.034, que dispõe sobre o ingresso nas universidades federais. De acordo com a legislação, as instituições devem reservar percentual de vagas para alunos com deficiência. Para a vice-reitora, o acesso a pessoas com deficiência é uma  ação importante e, ao mesmo tempo, um dos maiores desafios para os próximos anos. “Quando se analisa o trabalho de todas as pró-reitorias e diretorias, percebe-se, que, apesar de todos esses ataques, conseguimos avançar em vários aspectos. Tivemos a possibilidade de ampliar o acesso às pessoas com deficiências. É um desafio, porque a nossa Universidade ainda não está preparada; ela não se preparou estruturalmente e, no que se refere aos profissionais, precisamos ampliar o nosso quadro e continuar o processo permanente de prepará-los para a inclusão, não apenas do aluno, mas também do trabalhador”.

Próximos desafios

Apesar do cenário de dificuldades e incertezas explícito pelos gestores da UFJF ao longo do último ano, Marcus David se diz satisfeito com o trabalho desenvolvido e projeta as próximas ações com otimismo: “O trabalho que fizemos de saneamento financeiro da Universidade sinaliza a possibilidade da retomada de alguns projetos e programas que não tivemos condição de executar em anos anteriores. Temos, principalmente, a perspectiva otimista de que nós temos atingido um nível de grande envolvimento da comunidade universitária na valorização da nossa Instituição e, com isso, acreditamos que com esse espírito vamos poder realizar muitas novas ações em 2018”.

Segundo a Vice-reitora, o as discussões e o trabalho coletivos serão fundamentais para que a UFJF enfrente os próximos desafios que estão por vir. Girlene afirma que “2018 não será um ano fácil, porque o Governo continua sinalizando para um montante de recursos menor do que o que nós necessitamos. A nossa compreensão é a de que se a Universidade continuar a pensar este projeto coletivo, no qual todo mundo tem sua participação, atravessaremos um ano difícil, sim, mas com a responsabilidade de discutirmos a Universidade de forma democrática, porque o nosso papel é dar respostas às necessidades da sociedade. Que a UFJF continue aguerrida na defesa da educação pública”, finaliza.