Daniel Pinto e Alberto Souza preparam-se para a viagem até Belterra, no Pará (Foto: Fayne Ferrari/UFJF)

Daniel Pinto e Albert Souza preparam-se para a viagem até Belterra, no Pará (Foto: Fayne Ferrari/UFJF)

“Sonhos não envelhecem”. A frase da canção ‘Clube da Esquina 2’ é síntese de uma aventura que começa nesta terça-feira, 26, em Juiz de Fora, e terminará em cinco dias, no município de Belterra, no Pará. O percurso entre as duas cidades, separadas por aproximadamente 3.500 quilômetros, será realizado de Fusca, por três estudantes do Curso de Geografia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

A ideia da viagem surgiu em 2014 no ínicio da graduação de um dos jovens, Daniel Pinto, de 23 anos. O desejo de ter um automóvel, cujo primeiro modelo foi lançado oficialmente nos anos de 1930, é ainda mais antigo para o estudante. Após colar grau este mês e concluir uma importante etapa de sua trajetória de vida, o jovem resolveu colocar o sonho em prática.

“Desde pequeno tinha vontade de ter um Fusca e, quando tirei a habilitação, em 2014, não pensei duas vezes para comprar um carro. Em pesquisas pela internet, vi que era comum as pessoas viajarem o mundo dentro de um Fusca ou uma Kombi. Depois de me formar na UFJF e com o desejo de voltar para o Pará, onde nasci, não pensei duas vezes: vou de fusca”, conta o geógrafo.

“De Fusca para minha terra”

O projeto de atravessar o país no automóvel antigo recebeu o nome “De Fusca para minha terra”. Desta vez, ao retornar para casa, Daniel levará na bagagem, além de todas as experiências vivenciadas em Juiz de Fora e, mais especialmente na UFJF, o diploma de licenciado em Geografia e a expectativa de lecionar a disciplina nas escolas de sua cidade natal.

“Vim para Juiz de Fora em 2010 morar com parentes para cursar o ensino médio,  com o objetivo de um dia entrar na faculdade. Estudei em escola pública e fiz cursinho popular. Poder estudar em uma Universidade Federal é o sonho de qualquer aluno, sou muito grato por tudo que a UFJF pode me proporcionar. Obtive muito conhecimento acadêmico em sala de aula e no campus. Porém, a universidade é muito mais do que quatro paredes. Participei de muitos eventos acadêmicos, como congressos e seminários, pude aprender muito com encontros regionais e nacionais de estudantes de Geografia. Resumindo, a UFJF me ensinou muito desde o meio acadêmico até a própria vivência.”

“Viajar para o geógrafo é condição, é conhecimento.”

"Todos estão ansiosos e bastante animados. Uns até um pouco perplexos com nossa disposição de encarar um longo trecho de Fusca", destaca Albert de Souza (Foto: Fayne Ferrari/UFJF)

“Todos estão ansiosos e bastante animados. Uns até um pouco perplexos com nossa disposição de encarar um longo trecho de Fusca”, destaca Albert de Souza (Foto: Fayne Ferrari/UFJF)

É com a frase acima que o segundo integrante da aventura “De Fusca para minha Terra”, o mestrando em Geografia pela UFJF, Albert Milles de Souza, 26 anos, justifica a sua participação no desafio.  

“O convite veio de conversas cotidianas. Somos amigos e todos da Geografia amamos viajar e, como diria ainda uma de nossas professoras da graduação, viajar para o geógrafo é condição, é conhecimento. As expectativas são as melhores possíveis. Nossas e das pessoas ao nosso redor, de familiares e amigos! Todos estão ansiosos e bastante animados. Uns até um pouco perplexos com nossa disposição de encarar um longo trecho de Fusca. Quando o Daniel disse que iria, logo nos disponibilizamos para tal tarefa, empreitada. Firmamos então essa parceria de viagem que, como disse, é de vida e de geografia também. Cortar o Brasil do Sudeste até o Norte, passando pelo Centro-Oeste será um desafio. Mas topamos, e estamos prontos!”, afirma o mestrando.

A avaliação é compartilhada pelo terceiro integrante do projeto, o estudante do Bacharelado em Geografia na UFJF, Elver Lonie Nunes Rodrigues.

As expectativas são as melhores possíveis, tanto no que tange aos reforços dos laços de amizade – uma viagem dessas só nos aproxima uns dos outros ainda mais – quanto ao fato de poder conhecer a Bacia Amazônica, cruzando três domínios morfoclimáticos [combinação de um conjunto de elementos da natureza – relevo, clima, vegetação que  formam uma unidade paisagística]. Um deleite para nós geógrafos! Além disso, novas experiências culturais também nos movem, como a possibilidade de conhecer comunidades tradicionais amazônicas e tribos indígenas. Tudo isso nos proporciona uma possibilidade de crescimento pessoal e profissional. Enfim, nossas expectativas são bem maiores que o Fusca!”

Paradas estratégicas antes de chegar ao destino final

“Pelo planejamento vai dar um pouco mais de 3.500 quilômetros", contabiliza Daniel (Foto: Fayne Ferrari/UFJF)

“Pelo planejamento vai dar um pouco mais de 3.500 quilômetros”, contabiliza Daniel (Foto: Fayne Ferrari/UFJF)

Daniel explica que, ao planejarem a viagem, foram estabelecidas oito paradas estratégicas em quatro Estados diferentes antes da chegada ao destino final.  

Pelo planejamento vai dar um pouco mais de 3.500 quilômetros. A viagem inicialmente foi planejada entre quatro e cinco dias na estrada. Pretendemos fazer umas oito grandes paradas, para almoço e pernoite. Paradas menores serão feitas a cada duas ou três horas, para abastecer o carro e esticar as pernas. Pretendemos fazer as grandes paradas próximo aos municípios de Bom Despacho (MG), Ibiá (MG), Mineiros (GO), Cuiabá (MT), Sinop (MT),  Novo Progresso (PA) e Itaituba (PA).”

Todo o trajeto será registrado com fotografias e textos. Os conteúdos estarão disponíveis nas redes sociais, para quem quiser acompanhar a aventura dos três jovens. “A divulgação está sendo feita pelas redes sociais. Estamos com uma parceria com uma empresa de turismo criativo que tem ajudado na divulgação e na própria viagem. Criamos um perfil no Instagram no qual estamos a todo momento divulgando fotos. Quem puder e quiser acompanhar um pouco mais dessa aventura segue lá: @Fuscapraterrinha.”

Outras informações: @Fuscapraterrinha