A mestranda Raquel dos Santos Rosa Peixoto desenvolveu sua dissertação com o objetivo de investigar as relações estabelecidas entre enfermeiros no centro cirúrgico e seus desdobramentos. Para essa compreensão, o estudo levou em consideração aspectos além dos procedimentos técnicos realizados, como características subjetivas de cada profissional. Intitulada “Significados e sentidos dos profissionais de enfermagem em centro cirúrgico nas suas relações interpessoais”, a pesquisa foi apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

Para  o estudo, Raquel baseou-se na fenomenologia de Martin Heidegger. Ela explica que o método consiste na busca pela compreensão singular do ser humano a partir de situações vivenciadas e descritas. “Essa abordagem é uma possibilidade de compreender o outro, pois permite imergir na subjetividade, ir ao que se apresenta encoberto e compreender o fenômeno, pois cada pessoa é ímpar e uma mesma situação pode ser vivenciada de modo diferente por cada um.”

A decisão em pesquisar o tema surgiu do ambiente de atuação profissional da mestranda. “Percebi que as relações interpessoais têm influência direta na assistência ao paciente e na satisfação profissional”, declara. Atrelado a isso, ela ressalta que o centro cirúrgico, por ser um setor fechado e de acesso restrito, “impõe às equipes momentos estressantes ao lidar com inúmeros aspectos, incluindo as relações interpessoais”.

De acordo com Raquel, as relações interpessoais são consideradas como instrumentos de trabalho. “Uma relação desarmônica pode gerar tensões no ambiente, o que coloca em risco a segurança do paciente durante todo o procedimento cirúrgico. Se o profissional não tem uma boa relação com o outro, por exemplo, a comunicação pode se tornar ineficaz. Isso causa prejuízos na assistência, como omissão de dados importantes do paciente e o trabalho fragmentado com assistência mecanizada.”

A investigação apontou que os principais conflitos estão relacionados a questões como hierarquia, formação profissional, divergências de opiniões e rotina intensa e estressante, devido às particularidades que envolvem um setor fechado. Para resolvê-los, Raquel conclui que é necessário estabelecer uma relação interpessoal baseada na empatia e no respeito entre as partes. “A comunicação deve ser estimulada, sendo necessário realizar discussões entre as equipes, assim como permitir que os profissionais expressem suas opiniões sem receio de punições ou discriminações.”

De acordo com a professora orientadora, Anna Maria de Oliveira Salimena, a pesquisa traz contribuições importantes por “compreender que no Centro Cirúrgico, setor da área hospitalar considerado de alta complexidade, as equipes multidisciplinares se encontram mais próximas e sua articulação se torna necessária e indispensável à assistência de qualidade ao paciente submetido ao procedimento cirúrgico”. Além disso, ela ressalta que o estudo inova à medida que reconhece a existência de dificuldades nas relações interpessoais entre as equipes do centro cirúrgico. “A partir daí, é possível e imprescindível que essas dificuldades sejam sanadas para a melhoria do atendimento ao paciente e continuidade do serviço”, explica Anna Maria.

Contatos:
Raquel dos Santos Rosa Peixoto (mestranda): raqueldrosa@hotmail.com
Anna Maria de Oliveira Salimena (orientadora): anna.salimena@ufjf.edu.br

Banca Avaliadora:
Prof.ª Dr.ª Anna Maria de Oliveira Salimena (UFJF)
Prof.ª Dr.ª Silvia Teresa Carvalho de Araújo (UFRJ)
Prof. Dr. Marcelo da Silva Alves (UFJF)

Outras informações: (32) 2102-3297 – Programa de Pós-Graduação em Enfermagem