Leonardo Barbosa, professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Uberlândia utilizou dados de pesquisas sobre discentes para debate (Foto: Alexandre Dornelas)

Leonardo Barbosa, professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Uberlândia, utilizou dados de pesquisa sobre discentes para o debate (Foto: Alexandre Dornelas)

O ciclo de debates sobre relações interpessoais e assédio no trabalho teve sua quarta e última etapa concluída na última quinta-feira, 23, e, diante da importância e desdobramentos sobre o assunto, uma avaliação fundamental é a de que as discussões não se encerram. Todos os palestrantes convidados trouxeram elucidações e considerações lúcidas para que todos os setores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) consigam reconhecer situações de assédio e combatê-las.

O auditório do Serviço Social sediou a palestra “O universo discente e as suas relações no contexto universitário”, ministrada pelo professor adjunto do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Leonardo Barbosa. A partir de conclusões obtidas por meio da IV Pesquisa do perfil socioeconômico e cultural dos estudantes de graduação das instituições federais de ensino superior brasileiras, Barbosa mostrou que a relação conflitante entre docentes e discentes pode ser mais determinante para impactar negativamente o desempenho acadêmico dos estudantes do que fatores externos, como a carga excessiva de trabalhos e conflitos de valores.

Outra consideração relevante obtida por meio da pesquisa mostrou que nem cor/raça, renda, sexo, ingresso por cota ou escola de origem são determinantes para uma relação professor-aluno ruim, ou seja, pessoas em alguma vulnerabilidade não serão, obrigatoriamente, vítimas do assédio moral. “Para minha surpresa, nenhuma dessas variáveis guarda relação direta com o assédio. Imaginava que uma situação dessa natureza apareceria com mais frequência em pessoas vulneráveis, mas estudantes com outro perfil também têm relação conflituosa com os docentes.”

Na pesquisa, foi apontado que 68% dos estudantes se dizem ansiosos. Barbosa afirma que, desse grupo, a porcentagem que diz ter tido desempenho impactado negativamente pela relação com os professores aumenta para 80%. “Isso quer dizer que pode haver uma correlação, do ponto de vista do sofrimento emocional, entre uma relação docente-discente ruim e a ansiedade”, avalia.

Os assédios produzem desdobramentos como o isolamento social, aumento no consumo álcool e drogas, disfunções alimentares, entre outros. O professor da Unicamp, José Roberto Heloani, convidado do penúltimo debate, disse que é comum às pessoas que passam por situações de assédio se omitirem ou se isolarem e que essa atitude deve ser veementemente evitada. É preciso denunciar aos setores especializados para que as providências adequadas sejam tomadas e todos possam usufruir de ambientes de estudo e trabalho saudáveis.

Considerações sobre o Ciclo

Uma das integrantes da mesa de abertura da última palestra, a coordenadora de Saúde, Segurança e Bem-Estar (Cossbe) da UFJF, Renata Faria, avaliou o evento como um passo importante dado pela Universidade na discussão sobre o assédio. “Foi fundamentalmente informativo. Nos capacitamos sobre o que qualifica assédio e de como identificar esse tipo de situação, além de pensarmos juntos possíveis resoluções para combater os casos.”

O diretor de Ações Afirmativas, Julvan Moreira e o pró-reitor de Assuntos Estudantis, Marcos Freitas, também estavam presentes. Freitas reiterou a fala de Renata, dizendo que o ciclo de debates foi um processo de capacitação e discussão de temas fundamentais à Universidade e que precisam ser constante discutidos.

Outras informações: (32) 2102-3930 – Pró-reitoria de Gestão de Pessoas

(32) 2102-6919 – Diretoria de Ações Afirmativas