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Produtora cultural Tainá Félix apresenta o jogo ‘A Nova Califórnia” (Foto: Fayne Ferrari/UFJF)

No conto “A Nova Califórnia”, o escritor Lima Barreto faz, em 1910, uma paródia da corrida pelo ouro vivida nos Estados Unidos no final do século XIX. O forasteiro Raimundo Flamel chega à cidade de Tubiacanga, no interior do Rio de Janeiro. O homem chama a atenção de poderosos da elite local ao mostrar a sua descoberta: a fórmula para transformar ossos humanos em ouro. Uma onda de roubos a túmulos começa enquanto os cidadãos montam um esquema para capturar os ladrões.

Transportada para o século XXI, a história agora é aberta à participação de qualquer pessoa interessada na caça aos ossos e na reflexão sobre racismo e ética. Tudo isso pelo jogo inspirado no conto de Barreto e com o mesmo nome da obra. A novidade foi apresentada na Roda de Conversa sobre temáticas inclusivas e diversidade na “3ª Convenção Ludonarrativas: criação, inclusão, transformação”, realizada no Instituto de Artes e Design da Universidade Federal de Juiz de Fora (IAD/UFJF). O game para computadores estará disponível no software Steam, no dia 20 de novembro, quando é celebrado o Dia da Consciência Negra. 

O jogo combina elementos de ação e aventura, de acordo com a produtora cultural e uma das criadoras Tainá Félix, da empresa Game e Arte. Todo o game foi desenvolvido com base na plataforma RPG Maker. “Escolhemos tirar essa presença do narrador do conto e transformar a vivência do personagem ou a vivência do jogador no próprio conto. Então o jogador passa por 11 fases em que essa história vai ser contada à medida que ele vai interagindo com o espaço, as pessoas”, afirma.

A diversidade é outra característica do game, por ser baseado em um conto da literatura nacional escrito por aquele que, segundo Tainá, é o primeiro autor brasileiro declaradamente negro. “O Lima se diz negro, trata das temáticas negras nas obras dele, e nesse conto em especial, tem uma abordagem com os personagens negros bem interessante, que deflagra muito o racismo da época e sobre como o Bastos – o personagem player – trata essas pessoas. O jogador acaba ficando em um espaço muito interessante, entre ser ético com seus próprios valores ou não ser com o próprio jogador, o Bastos”, avalia.

A produtora também defende que o game também pode levar conhecimento para quem joga. Isso acontece através das impressões geradas e da troca de ideias entre jogadores ou mesmo pelo conteúdo divulgado pelo jogo. “Este game, em especial, é um espaço de conhecimento da cultura brasileira, da música nacional. A gente tem músicas de artistas como Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth, que são clássicos do choro – música originalmente brasileira, do início do século passado”, conta.

Convenção continua no sábado
A “3ª Convenção Ludonarrativas” segue neste sábado, 11. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas no local. Interessados no material do evento e na emissão de certificado devem pagar taxa que varia entre R$ 10 e R$ 60.

Outras informações:
III Convenção Ludonarrativas: criação, inclusão, transformação

 Jogo “A Nova Califórnia”