Photo credit: Felipe Selles [2] via Visualhunt /  CC BY-NC-SA

Mestranda Christina Otaviano Pinto aponta necessidade de se repensar a formação de profissionais na perspectiva da reforma psiquiátrica e da atenção psicossocial (Foto: Felipe Selles [2] via Visualhunt/CC BY-NC-SA)

Compreender o cotidiano da equipe de enfermagem de um centro de atenção psicossocial. Este foi o objetivo da mestranda do Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Christina Otaviano Pinto. A acadêmica realizou uma pesquisa qualitativa com dez profissionais da área, entre abril e novembro de 2016, no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas III (Caps AD III), gerenciado pela Rede de Saúde Mental da Secretaria de Saúde de Juiz de Fora.

Após a coleta, os dados das entrevistas e de observação participante foram organizados e avaliados a partir da análise de conteúdo de Minayo. Christina evidenciou que a equipe de enfermagem do Caps AD vivencia um processo de mudança entre as práticas tradicionais e as novas propostas de cuidado, a busca pela conquista da autonomia e controle do trabalho, a consolidação de sua prática de cuidado nesse serviço e como membro da equipe multiprofissional.

“A profissão está inserida em um contexto repleto de desafios, no qual precisa se reinventar, aprimorar e incorporar os conhecimentos específicos à sua prática cotidiana. Por meio dos depoimentos dos participantes, foi possível observar a necessidade de que a assistência seja realizada em conjunto com a integração de saberes e profissões, propiciando a reflexão dos profissionais sobre sua prática, na qual as relações da equipe multiprofissional devem ser discutidas, a fim de buscar equilíbrio e harmonia no ambiente de trabalho. E que a enfermagem deve buscar a apropriação do conhecimento específico em saúde mental, norteado por uma teoria de enfermagem para a reconstrução de sua identidade profissional, a conquista da autonomia nesse espaço e a assistência de qualidade ao usuário”.

A mestranda aponta que o estudo evidenciou a necessidade de repensar a formação desses profissionais na perspectiva da reforma psiquiátrica e da atenção psicossocial, além de oferecer ferramentas aos profissionais para superar a prática cotidiana que ainda é norteada pelo modelo biomédico e lógica manicomial. “Entende-se que o trabalho na perspectiva psicossocial exige dos profissionais uma crítica ao modelo asilar e a produção de novas práticas pautadas pelo direito à cidadania, liberdade e poder decisório do sujeito”.

Christina destaca ainda que a pesquisa tem relevância social e científica, pois “considera o uso de substâncias psicoativas uma questão de saúde pública que necessita de maior atenção dos usuários, profissionais de saúde, cidadãos e todos os segmentos da sociedade, podendo afetar o estado físico, emocional e social do sujeito, da família e da comunidade”.

Para orientador da pesquisa, Marcelo da Silva Alves, “o estudo é um convite para ampliar o olhar para as possibilidades, propostas e atitudes para a saúde mental; logo é importante compreender as singularidades dos sujeitos em sofrimento psíquico, mas também deve-se considerar as subjetividades dos profissionais de enfermagem que atuam nesse campo”.

Contato:
Christina Otaviano Pinto (mestranda): chrisotavianojf@hotmail.com
Marcelo da Silva Alves (orientador): enfermar@oi.com.br

Banca Examinadora
Marcelo da Silva Alves (UFJF)
Vânia Maria Freitas Bara (UFJF)  
Anna Maria de Oliveira Salimena (UFJF)
Eliane Ramos Pereira (UFF)
Ândrea Cardoso de Souza (UFF)

Outras informações
(32) 2102-3297 – Programa de Pós-Graduação em Enfermagem