Da escala utilizada em mapas até o estudo do clima, Geografia e Matemática encontram várias intercessões (Foto: Géssica Leine)

Da escala utilizada em mapas até o estudo do clima, Geografia e Matemática encontram várias intercessões (Foto: Géssica Leine)

Nas Ciências Humanas, área marcada pela densa leitura teórica, a matemática se mostra presente desde o período denominado como “Antes de Cristo”. A geografia, de forma mais sistematizada, surgiu na Grécia e, no início, é muito ligada à matemática e à história. Aristóteles foi o primeiro a provar, com argumentos, uma ideia que já se acreditava desde o século V a.C: a de que a Terra seria uma esfera. Seus argumentos tinham como base a sombra da Terra na Lua durante os eclipses, através da variação da altura dos astros em relação ao horizonte quando se deslocava do norte para o sul. 

Já Eratóstenes, filósofo e matemático, foi o primeiro a se autodeclarar geógrafo. Após a observação das sobras em um poço, calculou a circunferência da Terra de uma forma que, mesmo para os padrões de hoje, é considerada de grande precisão. Logo, bem nos primórdios da Geografia,  parte dos seus problemas são relativos à forma da terra e à localização, tendo, por base, a matemática.

Entretanto, engana-se quem pensa que essa relação só está presente nos livros e manuais.  Outros campos dentro da Geografia se utilizam da matemática na prática, como lembra um dos responsáveis pelo Laboratório de Climatologia e Análise Ambiental da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Yan Vianna. “O mapa é uma representação da realidade — realidade esta que é reduzida para caber em uma folha de papel. A escala, então, é a relação de proporção de quantas vezes o real foi reduzido. Na demografia, a matemática também aparece de forma bastante evidente, nas relações de crescimento populacional, taxas de natalidade, densidade, entre outros parâmetros”, exemplifica.

Laboratóriod e responsável por informar as condições Juiz de Fora e região

Laboratório de Climatologia e Análise Ambiental é responsável por informar as condições climáticas de Juiz de Fora e região (Foto: Caique Cahon)

Um dos exemplos dessa prática é o laboratório onde Vianna trabalha, localizado dentro do Instituto de Ciências Humanas (ICH). O local é responsável por informar as condições Juiz de Fora e região, utilizando, na prática, essa interdisciplinaridade entre os assuntos. Na manipulação dos dados de temperatura e chuvas, por exemplo, são utilizados diversos parâmetros estatísticos como média, desvio padrão, testes de tendência e quartis, além de outras metodologias oriundas da estatística e matemática.

Para Vianna, a geografia é uma Ciência historicamente posicionada entre as Ciências Humanas e as Ciências Naturais (ou Ciências da Terra). Por isso, ele acredita que um bom conhecimento em estatística pode auxiliar o profissional na mensuração de alguns fenômenos e se torna um pré-requisito para publicações de trabalhos em revistas mais rigorosas e de maior qualidade.

“Essa divisão positivista da Ciência — na qual temos grandes campos de conhecimento, como Exatas e Humanas — é, na verdade, uma construção do pensamento que separa a realidade por áreas, com cada ciência responsável por um campo de estudo. Mas, quando buscamos um entendimento maior do papel da ciência, vemos que, na verdade, os fenômenos que buscamos estudar se apresentam em múltiplas formas e, para buscar o seu entendimento, são usadas diversos métodos e ferramentas. Entre elas, está a matemática. Quando necessário, a Geografia faz uso da mesma na sua busca por respostas.”

Outras informações:

Laboratório de Climatologia e Análise Ambiental

“A diferença entre o segundo lugar e a medalha de ouro é a matemática”