A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) organiza, desde 2015, a mostra Inova Minas 2017. O objetivo do evento, que acontece em Belo Horizonte entre os dias 15 e 17 de setembro, é mostrar a produção científica das universidades e instituições de pesquisa do estado. Entre as 20 instituições representadas na programação, a UFJF é a terceira com mais professores convidados.

Ao todo, foram 140 inscritos e, posteriormente, 40 selecionados para participar do evento, dos quais, quatro são da UFJF. No ato da inscrição, era necessário o envio de um pitch (vídeo curto). Os critérios de avaliação pela equipe técnica foram a capacidade do pesquisador em explicar seu projeto para o público leigo, a relevância dos resultados da pesquisa e criatividade na apresentação.

Participação da UFJF

Entre os trabalhos selecionados para o evento está o projeto “Práticas docentes em ciências e matemática de professores dos anos iniciais em início de carreira”, coordenado pelo professor Reginaldo Fernando Carneiro. Abrangendo atividades de pesquisa e extensão, o trabalho discute e propõe novos métodos no ensino de ciências e matemática para o ensino fundamental.

Desenvolvido desde 2015, o projeto realiza encontros quinzenais em que professores da Rede Básica, pesquisadores e alunos da UFJF — de Graduação (cursos de licenciatura em Matemática, Química e Pedagogia) e Pós-graduação — podem compartilhar sua experiência. Entre as temáticas debatidas estão o uso de recursos como o jogo Minecraft para aprimorar o ensino de matemática, e trabalhos com produtos químicos domésticos para tornar a química mais próxima dos alunos.

“Com o andamento do projeto, percebemos que os professores estavam desenvolvendo atividades muito interessantes em suas salas de aulas, e que essas práticas deveriam ser divulgadas. Surgiu então o Encontro de Práticas em Ciências e Matemática nos Anos Iniciais (Cimai)”, conta Carneiro. “Ainda percebendo a necessidade dos professores de continuarem estudando, iniciaremos também, em 2018, um curso de especialização em ‘Ensino de ciências e matemática nos anos iniciais’.”

Cinema e documentário

Também convidada para o Inova Minas, a professora Alessandra Brum coordena, desde 2013, o “Minas é Cinema”, projeto que busca resgatar a história do cinema em Minas Gerais, desde o princípio do século XX até a atualidade.

Abarcando o levantamento documental — de publicações especializadas; produções, distribuição, exibições e recepção de filmes — até entrevistas com cineastas e outras pessoas envolvidas na atividade, coloca em destaque o trabalho das pessoas que movimentaram o cinema nas cidades da região.

Compiladas em entrevistas, a história dessas personalidades também foi descrita no livro Cinema em Juiz de Fora, lançado, pela Editora UFJF. “Esperamos que esses materiais sirvam de ferramenta para futuros pesquisadores.” comenta Alessandra, e reflete: “A seleção do projeto no Inova Minas é importante por dar visibilidade ao trabalho que envolve muitas pessoas, em especial os bolsistas Diogo Melo, Jéssica Barra e Fernanda Teixeira que vão nos representar em Belo Horizonte, demonstrando, que pesquisa se faz também em equipe e com o envolvimento orgânico dos discentes. No mais, neste momento em que a universidade pública está sob ataque, com cortes drásticos de verbas na pesquisa, dentre outras questões, é importante que a população brasileira conheça melhor o nosso trabalho.”

Ainda no ramo audiovisual, outro pesquisador convidado é Carlos Reyna com o projeto “Laboratório de Antropologia Visual e Documentário (Lavidoc)”. O trabalho está vinculado ao Programa de Pós-graduação de Ciências Sociais e ao Curso de Cinema e Audiovisual, ambos da UFJF.

O Lavidoc surgiu em 2011 e desde então utiliza o cinema e a fotografia como ferramenta e objeto de pesquisa no campo das Ciências Sociais, que resultam na produção de artigos científicos e documentários. O projeto também é responsável pela Mostra de cinema e audiovisual, Mocina, que reúne trabalhos audiovisuais produzidos em Juiz de Fora.

Pela segunda vez o Lavidoc está entre os selecionados para o Inova Minas. “Em 2015 apresentamos, timidamente, a pesquisa sobre as formas de coexistência religiosa entre o Umbanda e Candomblé no terreiro ‘O Reino de Ogum’ no bairro Manoel Honório em Juiz de Fora.” conta Carlos. Para o pesquisador a interação com a sociedade é fundamental “É um momento em que podemos apresentar à comunidade de Minas Gerais o que o Lavidoc vem fazendo com o investimento da Fapemig”.

Cidade e Memória

O projeto “Cidade e memória em caminhos do ensino de História (A Cidade para professores)”, coordenado pela professora Sônia Regina Miranda, está entre os trabalhos que irão representar a UFJF no Inova Minas. Além das atividades de pesquisa, o projeto leva para escolas da rede pública o desafio de refletir sobre as relações entre cidade e educação.

A pesquisa deu origem à “Caixa Didática” composta pelo livro: A cidade para professores, e pelo Jogo da Cidade. O livro orienta escolas a trabalharem de maneira mais abrangente o tema Cidade, tendo em vista que parte da experiência humana acontece nesse ambiente. Para fomentar a participação coletiva nas salas de aula, o jogo desenvolvido a partir de recortes de jornais contextualiza problemas e evoluções acerca do tema.

“A inovação e a possibilidade de interação da caixa enquanto método de ensino induziram o convite do comitê de monitoramento da Fapemig”, relatou Sônia. Para a professora, eventos como o Inova mostram para a sociedade a relevância dos trabalhos feitos nas universidades. ”A aproximação das pesquisas acadêmicas com a população é essencial num momento como esse, em que o ensino público superior passa por desvalorização e é atacado sistematicamente pelo corte nos orçamentos”.

Outras Informações:

Lista completa com os convidados para o Inova Minas