A doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais (PPGCSO), Carolina Pires Araújo, orientada pelo professor Eduardo Condé, defendeu, na última quinta-feira (30), a tese: “Por uma divulgação da ciência: as políticas públicas e os discursos silenciados”.

Procurando entender o contexto das políticas públicas voltadas para a ciência e inovação no Brasil e o papel da Divulgação Científica (DC) nessa dinâmica, Carolina realizou entrevistas com pesquisadores de universidades públicas mineiras, com o intuito de analisar o percepção desses sobre o tema. Utilizando como método a Análise de Discurso, a doutoranda investigou não apenas o conteúdo das respostas, mas também as informações veladas em seus discursos.

“Nós trabalhamos também com o conceito de silenciamento, nesse caso, tentando entender por que a DC ainda não é demarcada como uma política pública de ciência e inovação, apesar de estar sendo tão discutida e comentada pelos órgãos de fomento. Percebemos que, muitas vezes, no campo do discurso, a divulgação da ciência acaba sendo invisibilizada pelos próprios pesquisadores”, comentou Carolina.

Conforme a doutoranda, todos os entrevistados, oriundo de quatro universidades de Minas Gerais ligados a Programas de Pós-graduação considerados de excelência, confirmaram a importância da DC, porém muitos não conseguiram direcionar estratégias de divulgação diferentes daquelas já estabelecidas em suas práticas de pesquisa, voltadas para a comunidade científica. “Muitos deles também têm dificuldade em organizar sua divulgação para a sociedade em geral”.

A tese termina por apresentar um diagnóstico da relação distanciada entre o mundo acadêmico e a sociedade e das políticas de divulgação científica ainda difusas. Condé, avaliou que a importância dessa pesquisa se encontra no debate sobre o próprio valor da divulgação da ciência como socialmente relevante: “O trabalho que Carolina desenvolveu reflete como o Brasil lida com a divulgação científica, olhando a partir dos próprios pesquisadores com o nível de produtividade reconhecido pelo CNPq. Isso nos permite refletir tanto sobre a posição dos pesquisadores sobre o assunto, quanto sobre o próprio estado da divulgação no país.”