Veículos desse tipo estão em combate há 40 anos, sendo atualmente peças-chave na Líbia e no Iraque (Foto: Reprodução/Karbala News)

Veículos desse tipo estão em combate há 40 anos, sendo atualmente peças-chave na Líbia e no Iraque (Foto: Reprodução/Karbala News)

Contar a história do carro blindado mais bem sucedido já produzido no Brasil: este é o objetivo do livro “Engesa EE-9 Cascavel – 40 anos de combates – 1977-2017”, do pesquisador Expedito Carlos Stephani Bastos, coordenador do Portal UFJF/Defesa e membro-fundador do Centro de Pesquisas Estratégicas Paulino Soares de Sousa, da Universidade Federal de Juiz de Fora.

Lançada em junho deste ano, a sétima obra da “Coleção Blindados no Brasil” conta toda a trajetória do “Engesa EE-9 Cascavel”, um carro blindado que começou a ser desenvolvido em 1970, numa parceria que envolveu o Parque Regional de Motomecanização da 2ª Região Militar (PqRMM/2) e a Engesa – Engenheiros Especializados S/A, ambos sediados na cidade de São Paulo.

“Este é o melhor produto que este país já produziu: um blindado sobre seis rodas; ele é o ápice da produção nacional”, afirma Expedito, que desde a década de 1980 ministra palestras em unidades operacionais, escolas e institutos militares, além de publicar inúmeros artigos – inclusive no exterior – sobre a evolução dos blindados no país e outros temas relevantes para o resgate da memória tecnológica militar brasileira.

Bacharel em Direito e pesquisador de assuntos militares da UFJF, Expedito é considerado um dos maiores especialistas brasileiros na área de temas militares, principalmente no que se refere a sua evolução tecnológica. De acordo com o pesquisador, o maior trunfo para o sucesso do carro, produzido durante 18 anos (de 1975 a 1993), é a simplicidade de seu projeto, que eliminou qualquer sofisticação desnecessária, utilizando-se ao máximo as peças produzidas pela então indústria automotiva brasileira, o que o tornou um veículo robusto, fácil de operar, com manutenção simples e barata.

“Foram produzidos mais de 1.700 exemplares dele, sendo a maioria exportada para diversos países. Esses veículos estão em combate há 40 anos, desde que estrearam em 1977, na Líbia, até a atual Guerra do Iraque, sendo uma peça-chave para o combate contra o Estado Islâmico na Líbia e no Iraque”, conta.

Com 176 páginas, mais de 150 fotos e diversos desenhos (todos coloridos), o livro é fruto de 3 anos e meio de pesquisa e foi produzido em seis meses após a conclusão dos estudos. A obra conta com partes digitalizadas, que podem ser conferidas neste link. Para o pesquisador, o maior desafio para a publicação foi reunir informações vindas dos países onde o carro foi ou continua sendo utilizado, envolvendo nações da África, América do Sul e Oriente Médio.

“É um levantamento que tomou muito tempo, em função de se ter que pesquisar nos países estrangeiros, pela internet e outros meios. A gente conseguiu ter acesso a algumas informações importantes e, a partir daí, pudemos demonstrar como o veículo foi sendo modernizado, alterado, nestes conflitos recentes, além da história do blindado aqui mesmo, no Brasil.”

Expedito acredita que as universidades podem assumir papel central no pensamento estratégico-militar brasileiro. “Acho que a Universidade pode contribuir, mostrando a parte histórica deste conhecimento e, com algumas faculdades, como as de engenharia, participar até mesmo de projetos, projetando equipamentos para esta área.”

Interessados em adquirir o livro devem enviar e-mail para defesa@ecsbdefesa.com.br ou defesa@ufjf.edu.br. A obra conta com o apoio cultural do Centro de Pesquisas Sociais da UFJF.

UFJF/Defesa

A partir do seu vasto acervo pessoal, além das experiências e informações adquiridas no contato com integrantes de corporações militares, empresários, técnicos e engenheiros da indústria de material de defesa, Expedito Bastos lançou, em 2003, o Portal UFJF/Defesa. Sob sua coordenação até hoje, a iniciativa foi responsável pela divulgação de mais de 3.200 artigos e registra uma média mensal de 80 mil usuários, tendo sido acessada por visitantes de 144 países.

Na UFJF, o autor também foi um dos fundadores do Centro de Pesquisas Estratégicas “Paulino Soares de Sousa”. Criado há dez anos e coordenado pelo professor Ricardo Vélez Rodriguez, o Centro conta com 15 pesquisadores, agrupados em cinco linhas de pesquisas: estratégias urbanas e cidadania; história do pensamento estratégico; problemas estratégicos contemporâneos; gestão do conhecimento; e tecnologia militar.

Outras informações: Portal UFJF/Defesa