Lugar Comum - Fabrício Carvalho

Obra “Lugar Comum”, de  Fabrício Carvalho (Foto: Divulgação)

Registros fotográficos, instalações, objetos e intervenções em técnicas diversas compõem a mostra “Não-lugar de verdade”, que terá sua abertura nesta quarta-feira, dia 7, no Espaço Reitoria da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) – no prédio da Reitoria, no Centro do campus -, com apoio da Pró-reitoria de Cultura (Procult). A exposição reúne trabalhos de alunas da Licenciatura em Artes Visuais, do Instituto de Artes e Design (IAD) da UFJF, que pretendem fazer uma reflexão sobre as questões que as mobilizaram ao longo do curso e no estágio, no período entre 2016 e 2017.

Sob a curadoria do professor Fabrício Carvalho e da aluna Elisiana Frizzoni, a proposta surgiu do compartilhamento de “experiências e frustrações acerca dos espaços formativos”, como ressalta Frizzoni no texto de apresentação de “Não-lugar de verdade”. Segundo ela, muitas das indagações provocadas pelas aulas permanecem abertas ao final do curso. Participam da mostra os artistas Fabrício Carvalho; Lígia Costa; Júlia Fregadolli; Karina Orquídea; Malu Magalhães; e Thalita de Castro.

Alunas e professor se unem nessa reflexão em obras cujo denominador comum é a condição de “ser professor” na atualidade, em que os desafios a serem enfrentados são de ordens diversas. Um exemplo é a série “Sobretudo o que já sei”, na qual Ligia Costa questiona o espaço e a forma convencional de ensino: no primeiro da série – uma instalação de móveis escolares -, ela convida o espectador a registrar um aprendizado que tenha obtido fora da escola; no segundo, a aluna apresenta um “livro para ser pisado” (o volume Tudo sobre Arte, de Richard Cook); e no terceiro – uma instalação com post-its –, Ligia sugere que o espectador anote o que gostaria de aprender e o que gostaria de ensinar.

Na série “Enxoval”, a aluna Malu Magalhães intervém em fotografias antigas do campus da UFJF, ainda em construção, costurando ou bordando as imagens, a fim de questionar as distâncias – não só geográficas, mas também conceituais – entre a Arte e a Educação na formação dos alunos. O trabalho é um exemplo de como a mostra busca refletir a preocupação de alunas e professor com a exploração de outras possibilidades entre a arte e a educação, de atuar nesse intervalo, não ser apenas professor ou artista.

“Apostamos nessa espécie de terceira margem, o não-lugar”, ressalta Carvalho, que também participa da mostra. Ele cita o artista Robert Smithson e suas explorações das relações entre lugar/não-lugar. “Entre Arte e Educação procuramos alguma densidade para aquilo que está em constante transformação, que não tem um centro, que é formado por um conjunto de áreas sem fronteiras, abertas e entrecruzadas”, afirma Carvalho em texto sobre a mostra.  “Ser professor não é um lugar tão definido assim. A incerteza é um tema que temos trabalhado. Durante um tempo, a licenciatura foi um campo de muitas certezas, muitas verdades. Hoje investimos na incerteza desse lugar, na dimensão poética de ser professor.”

Desvio Poético V - Karina Orquídea

Obra “Desvio Poético V”. de  Karina Orquídea (Foto: Divulgação)

Sentidos

Nesta exposição, o grupo de alunas (professoras) e artistas conclui que o que de mais importante compartilhado por elas ao longo de sua formação é a constatação de que “teoria e prática são elementos indissociáveis” e que, diante dessa tessitura sujeita a processos de criação e recriação de sentidos e significados, “o ato de ‘ser professor’, ainda que permeado de incertezas, deve vir acompanhado pelo ‘ser pesquisador’, assim como pelo ‘ser artista’”.

Nesse sentido, “Não-lugar de verdade” viria, segundo elas, apresentar os trabalhos e os  processos que estiveram presentes em sua investigação, “não para responder às perguntas, mas para continuar a problematizá-las”.

A exposição pode ser vista até 30 de junho, de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h, e sábado, das 9h às 12h. A entrada é franca

Outras informações: (32) 2102-3964 (Pró-reitoria de Cultura-UFJF)