A busca por compreender as consequências do descarte de uma bijuteria em um aterro ou em qualquer lixo para o meio ambiente e para a saúde da população motivou a acadêmica Ana Maria Dores Bernardo Cuvaca a desenvolver a sua dissertação de mestrado. A pesquisa foi apresentada no Programa de Pós Graduação em Química, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), no último dia 11, com o título “Estudo exploratório da lixiviação simulada de Cd e Pb presentes em bijuterias”.

Na pesquisa, Ana Maria tentou responder algumas interrogações, como “o suor, que influência ele tem?”  “Ele desgasta materiais como bijuterias?” “Se as bijuterias estão contaminadas com metais tóxicos, elas sofrem um desgaste de alguma forma, e para onde vão esses metais?”

A pesquisadora conta que, através dos testes de lixiviação, conseguiu determinar a concentração de alguns metais tóxicos. “Eu trabalhei com amostras que não estavam muito contaminadas, então encontrei baixas concentrações, mas existe a possibilidade de aparecerem concentrações mais altas quando as amostras estão muito contaminadas.”

Segundo a mestranda, o processo de pesquisa passa pela digestão de amostras usando ácidos para transformá-las em solução, depois o material é diluído com auxílio de aparelhos presentes no laboratório. A outra forma de processamento usado por Ana Maria, foi colocar a bijuteria com outra solução. “Dependendo do ph, a bijuteria pode desgastar ou não – esse é o processo de lixiviação –  e, nesse extrato resultante desse desgaste, pude analisar e perceber se é possível esse metal lixiviar ou migrar para tal solução.”

A pesquisadora, que é intercambista de Moçambique, conta como surgiu o tema da pesquisa. “Quando cheguei, já havia um projeto para trabalhar com amostras de bijuterias, minha professora acabou sugerindo a proposta.  Então, fui pesquisando algumas coisas na internet e foi possível encontrar alguns trabalhos relacionados ao tema. Os outros [trabalhos], fazem mais digestão das amostras para determinação, mas, lixiviação é um pouco difícil de encontrar. É mais comum em outros objetos, como de eletrônicos, principalmente celulares e aparelhos de TV, mas tentamos fazer isso com bijuterias”, explica Ana Maria.

Para a acadêmica, a principal relevância da pesquisa para a sociedade é alertar quanto ao uso de bijuterias. “Nós vemos as bijuterias como algo muito bonito, mas não sabemos a procedência daqueles produtos e nem como são fabricados, então é preciso ficar mais atento. É difícil identificar o produto à primeira vista, mas, quanto menos semi-joia for, existe uma garantia que, entre aspas, o acessório está menos contaminado.”

A professora orientadora, Denise Lowinsohn, destaca o intercâmbio como aprendizado no trabalho. “A Ana, diferentemente dos outros alunos, veio de Moçambique. São culturas completamente diferentes e aprendemos com isso. Então, intercâmbio é palavra chave para o que eu penso. Com relação a dissertação, já trabalhamos com bijuterias no grupo, então o mestrado é complemento maior do que a gente tem feito.”

Contato:
Ana Maria Dores Bernardo Cuvaca (mestranda)
cuvaca.ana@gmail.com

Denise Lowinsohn (orientadora)
denise.lowinsohn@ufjf.edu.br

Banca Examinadora:
Profa. Dra. Denise Lowinsohn (UFJF)
Prof. Dr. Rafael Arromba de Sousa (UFJF)
Prof. Dr. Júlio César José da Silva (UFJF)
Prof. Dr. Ricardo Mathias Orlando (UFMG)

Outras informações: (32) 2102-3309 – Programa de Pós-Graduação em Química