mestrado ecologia

José Reinaldo avaliou a concentração de gases em três reservatórios brasileiros: Curuá-Una (Santarém – PA), Chapéu D’uvas (Ewbank da Câmara – MG) e Furnas (Sul de Minas Gerais) (foto: Twin Alvarenga/UFJF)

A construção de reservatórios artificiais geram quantidades significativas de carbono na atmosfera, a partir da emissão de gases como dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4). Entretanto, estudos recentes mostram que a concentração desses gases em diferentes pontos dos reservatórios é heterogênea.  

Com objetivo de analisar a espacialidade das concentrações de CO2 e CH4 e o coeficiente de trocas gasosas em represas, o acadêmico José Reinaldo Paranaíba Vilela Alves Teixeira desenvolveu sua pesquisa de mestrado em reservatórios nas regiões Norte e Sudeste.

Os resultados obtidos foram apresentados na dissertação “Alta variabilidade espacial das emissões de Carbono e coeficiente de trocas gasosas em três reservatórios tropicais”, defendida no dia 22 de fevereiro. A pesquisa faz parte do Programa de Pós-Graduação em Ecologia, da Universidade Federal de Juiz de Fora.

Durante o estudo, José Reinaldo avaliou a concentração de gases em três reservatórios brasileiros: Curuá-Una (Santarém – PA), Chapéu D’uvas (Ewbank da Câmara – MG) e Furnas (Sul de Minas Gerais). A análise foi feita durante o período de águas baixas de cada represa, e visou abranger três biomas diferentes do Brasil.

De acordo com o pesquisador, foi observada uma grande variabilidade espacial para todas as variáveis analisadas nos três reservatórios. No geral, as maiores concentrações de CO2 e CH4 foram observadas em regiões de entrada de rio. “A espacialidade é explicada pelo tipo de vegetação e da composição orgânica do solo inundado, da produção primária e da contribuição de matéria orgânica que entra nos reservatórios.”

Através do estudo desenvolvido também foi possível identificar hotspots, ou seja, locais que estão emitindo carbono acima da média do sistema analisado.  “Surpreendentemente, o reservatório amazônico foi o que apresentou as menores concentrações de carbono nas águas”, constatou o pesquisador.

Para o professor orientador, Nathan Oliveira Barros, a pesquisa tem impacto para a sociedade, uma vez que pode alterar a forma como as represas são vistas no contexto das emissões de gases de efeito estufa. “Neste momento, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) discute a inclusão de áreas alagadas nos inventários de emissão de gases de efeito estufa de cada país membro do acordo de Paris. Nós mostramos que os dados existentes, base para a construção dos fatores de emissão a serem adotados por cada país, podem não estar corretos, uma vez que subestimam a variabilidade espacial.”

A dissertação é fruto de uma parceria entre a UFJF e a Universidade de Uppsala, na Suécia. “Esta parceria foi fundamental em todas as etapas deste projeto, desde o financiamento das coletas e análises até a interpretação dos resultados. A UFJF novamente se lança na vanguarda destes estudos e apresenta, pela primeira vez, um trabalho que demonstra, com altíssima resolução, as emissões espaciais de metano, algo nunca foi feito antes”, afirma o professor orientador.

Banca Examinadora:
Prof. Dr. Nathan de Oliveira Barros (Orientador – UFJF)
Prof. Dr. Fábio Roland (Co-orientador – UFJF)
Prof. Dr. Sebastian Sobek (Co-orientador – Universidade de Uppsala/Suécia)
Profa. Dra. Raquel Fernandes Mendonça (UFJF)
Prof. Dr. Felipe Siqueira Pacheco (Instituto de Pesquisas Espaciais)

Outras Informações: (32) 2102 – 3227 – Programa de Pós-Graduação em Ecologia