mestrado Letras

Anelise de Freitas classifica o “Eco Performances Poéticas” como uma “cena” (foto: Luiz Carlos Lima/UFJF)

Definir a cena poética gerada pelo “Eco Performances Poéticas” em Juiz de Fora, além de fazer um registro histórico desse espaço e de outros momentos da poesia local no passar do século XX. Esse foi o objetivo da mestranda Anelise de Freitas, do Programa de Pós-Graduação em Letras: Estudos Literários (PPGLetras), com a dissertação “A defesa do Eco”. A pesquisa foi apresentada na última sexta-feira, 24, na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

O Eco Performances Poéticas acontece desde junho de 2008. A cada edição do evento, poetas e músicos podem subir ao palco e apresentar a sua produção. O microfone também é aberto para o público mostrar os seus trabalhos autorais. Na dissertação, a mestranda defende que o espaço não é um movimento ou uma geração de poetas.

Para Anelise, também poeta e integrante do Eco, o evento pode ser classificado como uma “cena”, afinal os trabalhos compartilhados não são similares. “As poéticas não têm necessariamente, alguma coisa similar entre elas. Então, a gente lida mais com o fluxo que acontece nessa cena. Com as editoras que surgiram, as revistas, as movimentações que acontecem dentro dessa cena”, afirma.

Na visão da mestranda, essa falta de similaridade tem a ver com o momento histórico em que o Eco surge. “Nos anos 70, 80, os textos estavam muito perpassados por uma questão política. Era uma época de ditadura  e, depois, veio a abertura política. E, a partir dos anos 90, dos anos 2000, a gente já não consegue mais falar em poéticas similares. Mas frequentamos a mesma cena”, avalia.

A dissertação também conta com um retrospecto da atividade poética em Juiz de Fora, desde os anos 50 do século passado, com a participação de poetas, como Affonso Romano de Sant’Anna. Depois, passa pela geração da década de 80, em que o folheto Abre Alas e a revista D’Lira são grandes expoentes, até chegar no período de transição, que resultou no Eco.

Poetas que passaram pelo Eco foram entrevistados pela mestranda. Segundo Anelise, o registro histórico foi realizado para confirmar a ideia de cena. “Eu tinha uma ideia do que era cena, já tinha definido isso, e eu queria saber dessas pessoas que passaram pelo Eco, o que elas acreditavam que era uma cena. Foi pra ver se era confirmada a minha ideia.” A dissertação também conta com iconografias de cartazes das edições do Eco.

Trabalho importante para a história da poesia e da literatura de Juiz de Fora

Por documentar um evento pouco registrado em sua trajetória, o professor orientador da dissertação de mestrado, Alexandre Graça Faria, avalia que o trabalho é muito importante para a história da poesia e da literatura locais. “Afinal, são oito anos de um evento e tem muito pouca coisa documentada. E dali saíram autores, poetas, alguns desses autores a própria Anelise lê na dissertação. Então, além de ser esse estudo de quatro autores que surgem do Eco (André Capilé, Anderson Pires, Laura Assis e Otávio Campos), é ainda uma história da vida cultural de Juiz de Fora, sobre a qual existe uma lacuna.”

Para o orientador, a dissertação tem potencial para ser publicada como livro. “A banca vai fazer sugestões e dar ideias para que o trabalho se aprimore. E, feita essa revisão final, muito provavelmente dá para sair um belo livro sobre o Eco aqui em Juiz de Fora”, conclui.

Contato:
Anelise de Freitas (mestranda)
anelisedefreitas@gmail.com

Prof. Dr. Alexandre Graça Faria (orientador)
alexandre.faria@ufjf.edu.br

Banca Examinadora:
Alexandre Graça Faria (orientador – UFJF)
Gilvan Procópio Ribeiro (UFJF)
Lia Duarte Mota (PUC Rio)

Outras informações: (32) 2102-3118 –  Programa de Pós-Graduação em Letras: Estudos Literários (PPGLetras)