Proposta é disseminar o incentivo à ciência entre meninas ainda no ensino médio ou fundamental, uma vez que existe um déficit de representação feminina, especialmente na área de ciências exatas (Foto: Caique Cahon)

Proposta é disseminar o incentivo à ciência entre meninas ainda no ensino médio ou fundamental, uma vez que existe um déficit de representação feminina, especialmente na área de ciências exatas (Foto: Caique Cahon)

Com o objetivo de abordar discussões sobre igualdade de gênero e representatividade feminina nas ciências exatas, o Instituto de Ciências Exatas (ICE) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) realizará a palestra “Tem menina no circuito: incentivando meninas a gostar de ciências exatas”, ministrada pela professora Thereza Cristina de Lacerda Paiva, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O evento faz parte da programação da XXVII Feira de Ciências e acontece na próxima terça, 18 de outubro, a partir das 11h. A feira, por sua vez, integra a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia da UFJF.

Déficit nacional de representação feminina

De acordo com o organizador da Feira, Fábio Zappa, a proposta da palestra é disseminar o incentivo às meninas entrarem na carreira científica para suprir o déficit de representação feminina no campo acadêmico brasileiro, especialmente na área de ciências exatas. “Acho que esse déficit compromete um pouco a própria atividade científica no sentido de diminuir a diversidade de pontos de vista. A ciência não parece, mas é uma atividade criativa, então você precisa dessa diversidade de pessoas para poder desenvolver coisas novas”, diz Zappa.

“O professor é o primeiro multiplicador da ideia de quebrar esses paradigmas de gênero nas profissões”

A palestra será voltada para professores das escolas inscritas na Feira de Ciências. Segundo Zappa, os educadores são os principais agentes na modificação cultural do país, onde ainda existe uma caracterização e divisão de profissões em relação a gêneros. “Há essa cultura no Brasil de que mulher pode uma coisa e não outra, mas não há evidência nenhuma de aptidão melhor de gênero para uma disciplina ou outra. Logo, não deveria ter nenhum motivo para ter uma concentração tão grande em certas áreas e não em outras”, explica o organizador. “O professor é o primeiro multiplicador da ideia de quebrar esses paradigmas de gênero nas profissões. Se nós quebrarmos isso, de repente conseguimos melhorar a representatividade feminina na carreira científica”, completa.

Os demais educadores interessados em participar da palestra podem preencher um formulário de contato disponibilizado no site da Feira de Ciências.

 “Muitas meninas acham que ciências exatas não é pra elas”, afirma  a palestrante Thereza Paiva, pós-doutora em Física. “É especialmente importante que os professores e educadores mostrem às meninas que ciência é para todos” (Foto: Arquivo pessoal)

“Muitas meninas acham que ciências exatas não é pra elas”, afirma a palestrante Thereza Paiva, pós-doutora em Física. “É especialmente importante que professores e educadores mostrem que ciência é para todos” (Foto: Arquivo pessoal)

“Tem menina no circuito”

Durante a palestra, a professora Thereza irá contar sobre a experiência com o projeto “Tem menina no circuito”, desenvolvido por professoras do Instituto de Física da UFRJ com meninas do Ensino Médio do Colégio Estadual Alfredo Neves, em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro. O programa oferece oficinas de montagem de circuitos elétricos em meios alternativos, usando materiais como papel com fita condutora adesiva,  massa de modelar ou tecido com linha condutora, com o objetivo de mostrar um lado lúdico da física e incentivar meninas a gostar de ciências exatas.

De acordo com a pesquisadora, discutir sobre o baixo número de mulheres nas ciências exatas consiste no primeiro passo para a proposta de ações para remediar a questão, tanto entre os profissionais da educação quanto no geral. “Muitas meninas acham que ciências exatas ‘não é pra elas’. É especialmente importante que os professores e educadores  tentem propor atividades que mostrem às meninas que ciência é para todos”, diz Thereza. “É importante discutir esta questão com o público em geral, pois pais e mães bem informados também podem ajudar suas filhas a expandir os horizontes na hora de uma escolha profissional”, completa.

Mesmo com a diferença entre mulheres e homens que trabalham na área das ciências exatas, Thereza vê um avanço nos últimos tempos, mas ainda há muito o que ser feito. “Na minha área, a Física, o número de mulheres ainda é bem inferior ao de homens. Essas diferenças se acentuam nas posições de mais destaque e de comando. Vejo um progresso pequeno com o tempo. Precisamos trabalhar mais pela  equidade de gêneros”, finaliza.

Feira de Ciências faz parte da tradição da UFJF (Foto: Alexandre Dornelas)

Feira de Ciências faz parte da tradição da UFJF (Foto: Alexandre Dornelas)

XXVII Feira de Ciências

A Feira de Ciências, evento de tradição na Universidade, é organizada pelo Departamento de Física do Instituto de Ciências Exatas (ICE) e será realizada na próxima terça, 18 de outubro. A feira conta com um total de 414 inscrições, provenientes de 17 colégios de Juiz de Fora e região, e irá conferir certificados de participação ao final do evento. Além da própria feira e da palestra, ocorrerão premiações dos projetos apresentados pelos alunos e exposição de experimentos de física.

Confira aqui a programação completa da Feira de Ciências.

Confira aqu a programação completa da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia da UFJF.

Outras informações:

Tem menina no circuito

XXVII Feira de Ciências