A construção da memória nacional passa pela arte e pela política, que, entrelaçadas, resultam em uma revisita aos heróis que fizeram valer os ideais de liberdade e o fervor patriótico. A exposição que o Memorial da República Presidente Itamar Franco, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), realiza até o final do ano abraça este conceito e vai além, levando ao público as litografias do artista pernambucano João Câmara, representativas do painel Conjuração Mineira, realizado em 1985, em óleo sobre tela, para o Panteão da Pátria, em Brasília.

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Narrativa das litografias interpreta temas como Conjura, Pregação de Tiradentes, Farsa, Forca e outros.

Da coleção particular do artista, o conjunto de sete litografias à mostra no Memorial tem singular estrutura narrativa, interpretando os temas Sacrifício da Indústria Nacional, Conjura, Pregação de Tiradentes, Morte de Cláudio Manoel da Costa, Farsa, Forca e O corpo. Resignificado por João Câmara, o acontecimento histórico que envolveu os inconfidentes das Minas Gerais ganha vida e se movimenta através dos tempos, trazendo à tona o drama e a luta dos “traidores” de então, hoje patriotas heróis da história do Brasil.

Idealizador da exposição, o diretor do Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm), José Alberto Pinho Neves, escreveu, referindo-se aos símbolos que impregnam cada um dos sete quadros à mostra: “Abrindo a narrativa, a roca tece a trama, o serrote e o machado anunciam o terrorismo do esquartejamento, a cobra aponta a traição. Atesta-se a evolução da Inconfidência Mineira, pela chama da lamparina o agravamento das tensões, os momentos de euforia ou de melancolia conforme o desenrolar da história”.

Sem cores, ainda que repleto de sombras e de objetos significativos, o conjunto da obra oferece uma narrativa que se manifesta em quadros sequenciados, cuja mensagem visual chega ao observador às vezes de forma delirante, distante do que poderia ser um simples registro documental. João Câmara imprimiu ao seu trabalho traços de ironia e paixão, conduzindo com liberdade própria o grandioso desenrolar da Inconfidência Mineira, sem se ater à rigidez dos fatos que compõe a história.

Ainda em sua apresentação de Conjuração Mineira, Pinho Neves destaca: “Testemunhamos, nas litografias de João Câmara, uma travessia de saber da História do Brasil, ponderando que também se aprende história nos espaços externos à escola e longe dos tratados canônicos”.

Conjuração Mineira – Litografias de João Câmara
Visitas: às segundas-feiras, das 12h às 18h, e de terças a sextas-feiras, das 9h às 18h, no Memorial da República Presidente Itamar Franco, à Rua Benjamin Constant, 790, Centro – Juiz de Fora, MG.

Visitas guiadas: a partir de agendamento com o setor educativo do Mamm, aos cuidados de Vinicius Steinbach, pelo telefone 3229-7621.

Todas as visitas são gratuitas.

Mais informações:
(32) 3212-2078 – Memorial da República