Bucci argumentou que existem dois modelos de exposições, um mais cronológico e outro que estabelece outros tipos de relação para essas peças. (Foto: Luiz Carlos Lima)

Bucci argumentou que existem dois modelos de exposições, um mais cronológico e outro que estabelece outros tipos de relação para essas peças. (Foto: Luiz Carlos Lima)

A moda como cultura e história foi debatida durante a palestra “Entre o museu e a academia: da história do vestuário aos Fashion Studies”, no Instituto de Artes e Design (IAD) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O evento aconteceu na tarde desta segunda-feira (26), e foi ministrado pelo pesquisador Alessandro Bucci, da Universidade de Edimburgo, da Escócia.

Segundo a professora Maria Claudia Bonadio, organizadora do evento, a história da arte é trabalhada no IAD, mas pesquisas acerca da exibição de roupas em museus ainda se encontram em falta, considerando o crescimento deste segmento por todo o mundo. “É interessante perceber como essas exposições deixam de ser uma coisa ‘marginal’ para se tornarem exposições muito importantes dentro de museus”, explica. “Alessandro traz essa contribuição de mostrar que hoje existem basicamente dois modelos expositivos, um mais cronológico, que reúne peças de acordo com o momento que foram produzidas, e outro que estabelece outros tipos de relação para essas peças”, completa Maria Claudia.

Panorama histórico

De acordo com Bucci, as exposições de moda têm se tornado “sucessos de bilheterias” na indústria cultural. Alguns museus como Victoria and Albert produziram mostras mais visitadas na história. A prática, no entanto, de se colecionar peças de vestuário é algo do período moderno. Somente na década de 1950 que alguns museus começaram a trabalhar com a história da moda, e isto só veio a ser expressivo na década de 1970, com exposições próprias voltadas para esse campo. “Embora esses museus apresentem abordagens diferentes em função do vestuário, suas memórias, quando comparadas, revelam uma compreensão da história da moda e seus objetivos pelo mundo”, diz Bucci.

O palestrante Alessandro Bucci atua como pesquisador na faculdade de Artes da Universidade de Edimburgo, na Escócia (Foto: Luiz Carlos Lima)

O palestrante Alessandro Bucci atua como pesquisador na faculdade de Artes da Universidade de Edimburgo, na Escócia (Foto: Luiz Carlos Lima)

Antes mesmo de se tornar destaque em exposições, a moda têm sido tema de debate entre pesquisadores. Nas décadas de 1960 e 1970, o estudo do vestuário passou a ser reconhecido pelos historiadores como conteúdo que complementa os estudos de arte. O congresso “Fashion Styles: perspectivas para o futuro”, organizado pela Universidade de Estocolmo, foi tido como decisivo na constituição da história da moda como disciplina. Os acadêmicos que se reuniram no evento procuraram identificar uma disciplina dinâmica que tratasse das implicações teóricas e críticas da moda, que resultou na “modeventenskap”, disciplina que pode ser traduzida como ciência da moda. “A Universidade de Estocolmo foi uma das que não só abraçou a história da moda e do vestuário, mas também procurou desempenhar abordagens críticas”, explica o pesquisador.

Outras informações:

Programa de Pós Graduação em Arte, Cultura e Linguagens – IAD/UFJF