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Adenilde Petrina, Miriam Alves, Vozes de Rua e Grupo Hip Hop Afro-rude foram algumas das atrações do encontro organizado pelas escritoras Juliana Costa e Nanny Zuluaga (Foto: Twin Alvarenga)

O último dia do evento “Semana da Mulher Negra e Escritora 2016”, que aconteceu nessa sexta-feira, 29, foi marcado pela relação do Rap com a poesia, através da apresentação “A Poesia e Hip Hop: do Verso ao BBboy”. Sob a coordenação das militantes dos Movimentos Negro e Sociais, Adenilde Petrina, Miriam Alves e Vozes da Rua, a apresentação deu continuidade às atividades iniciadas na segunda-feira, 25, na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), e mostra que, assim como a poesia de escritores afro-brasileiros, o Rap também é instrumento de luta antirracista.

O encontro é uma iniciativa da escritora Juliana Costa e da intercambista e escritora colombiana, Nanny Zuluaga Henao, e tem o intuito de incentivar a leitura da literatura contemporânea brasileira e latino-americana. Juliana afirma que, além disso, “o evento traz a discussão sobre o fato de que as questões que envolvem os negros são abordadas na academia, mas, muitas vezes, esse conhecimento não é colocado em prática. Falta aplicar a pesquisa em favor da população negra”.

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Para Adenilde Petrina (ao centro), ainda existe uma discriminação sobre tudo que vem da periferia, e isso é transmitido para as artes populares (Foto: Twin Alvarenga)

A cultura Hip Hop propõe revolução, mudança e transformação para a sociedade. A partir daí, Adenilde atenta para a importância do conhecimento, um dos elementos do Hip Hop. “É preciso conhecer a historia do negro, a conjuntura social em que vivemos para, assim, transformar a sociedade. Se você não conhece, você não transforma”. Ela denuncia ainda o preconceito generalizado em relação às manifestações do povo. “Existe uma discriminação sobre tudo que vem da periferia, e isso é transmitido para as artes populares, inclusive ao Hip Hop”.

Gabriela Mendonça, 19, estudante do terceiro ano do ensino médio do Colégio de Aplicação João XXIII, fez questão de comparecer ao evento, devido à importância da data e por considerar o Hip Hop como seu estilo favorito. “Todas as atividades que envolvem o Hip Hop chamam minha atenção. Para mim, é fonte de aprendizado; quando acho que já conheço algo, descubro coisas novas através desse movimento”.

O encerramento do evento contou com a participação do grupo de Hip Hop Afro-rude, que se manifestou corporalmente através da dança Break, elemento da cultura Hip Hop. Outras intervenções artísticas, como declamações de poesias e performances poéticas também integraram as atividades.

Sobre a data
No dia 25 de julho, comemora-se o Dia da Mulher Afro-latina-americana e Caribenha. A história da data na América Latina começa a partir de 1992, em Santo Domingo, na República Dominicana, durante o 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, como marco internacional da luta e da resistência da mulher negra.

A fim de discutir as questões étnico-racial, de gênero e xenofobia, a data foi sancionada, no Brasil, em 2014, como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Tereza tornou-se símbolo de liderança e luta pela liberdade devido à sua trajetória no século XVIII. Ela foi líder de sua comunidade quilombola na primeira capital do Mato Groso, Vila Bela da Santíssima Trindade, após a morte de seu marido. Benguela resistiu à escravidão por mais de 20 anos e chefiou a estrutura econômica, administrativa e política da comunidade.