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Quem já andou por Juiz de Fora certamente se deparou com a Embaúba. A árvore de folhas prateadas é a primeira a despontar nas matas reflorestadas daqui. Ela abriga formigas, que transportam nutrientes das raízes até as folhas. Assim é, também, a relação da UFJF com a cidade de Juiz de Fora: uma relação íntima em que os dois organismos prosperam juntos, mesmo nos ambientes mais desfavoráveis.

No momento em que a Cidade completa 166 anos, dos quais 56 compartilhados com a Universidade, vale ressaltar essa duradoura cooperação. Grande exemplo disso, são os programas de extensão que fundem a construção de conhecimento com a promoção de benefícios sociais, contribuindo com a formação profissional e humana dos juiz-foranos.

A pró-reitora de Extensão, Ana Lívia Coimbra, ressalta que a UFJF é um território aberto para a comunidade. “O desafio da extensão é reforçar cada vez mais os laços com a sociedade, atendendo suas reais demandas e trabalhando com toda sua diversidade, inclusive no acesso ao campus.”

“Estamos ampliando a atuação dos programas de extensão, utilizando os recursos de forma mais precisa para colaboração com a sociedade civil organizada”. Segundo ela, uma das preocupações para o futuro é garantir melhores condições de trabalho para os professores e técnicos envolvidos com os programas, além de fomentar uma relação mais simbiótica entre a pesquisa e a extensão.

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Há 31 anos projeto leva crianças e adolescentes de Juiz de Fora para o teatro. (Foto: Dowglas Mota)

Exemplos de interação

Um dos projetos mais antigos é a Escola de Espectador, que há 31 anos leva crianças e adolescentes de Juiz de Fora e outros 27 municípios próximos para o teatro. O programa disponibiliza gratuitamente a entrada para os espetáculos do Grupo Divulgação. A cada semestre, são realizados três espetáculos, um para o público infantil e dois para o público adulto, com uma média de 20 e 35 apresentações, respectivamente.

Segundo a professora da UFJF e coordenadora do programa, Márcia Falabella, cada escola ou núcleo inscrito costuma levar cerca de 50 alunos por apresentação. Frequentemente, esses jovens voltam para outras apresentações por conta própria.

“Muitos jovens que conheceram o teatro pelo projeto vieram, mais tarde, trabalhar no Grupo ou criaram seus próprios núcleos de teatro. Nós ouvimos depoimentos de professores sobre como o comportamento de alguns alunos melhorou depois dessa experiência. É um trabalho que tem reflexos e, contando com a sensibilidade dos educadores, pode ter frutos diretos na escola”. Márcia também apontou para a gradativa inclusão do público negro no teatro, fenômeno que pode acompanhar desde o começo do projeto, em 1985.

“Quem assiste a um espetáculo, não fica imune. Nosso trabalho é construir cidadania a partir dessa experiência” José Luiz Ribeiro, diretor do Grupo Divulgação e fundador do Escola de Espectadores

Equipe de Atletismo

Mais novo e igualmente expressivo é o programa Equipe de Atletismo, coordenado pelo professor Jorge Perrout. Desde 2011 recebe cerca de 80 a cem  jovens por ano. O projeto é livre ao público e costuma atender, principalmente, os bairros mais próximos da Universidade.

Trabalhando na formação dos atletas desde os 11 anos, o programa oferece treinos diários na Faculdade de Educação Física e Desportos (Faefid), que cobrem desde atividades lúdicas para familiarizar os alunos com o esporte, até treinamentos específicos de cada uma das modalidades do atletismo (corridas, saltos e lançamentos). A partir dos 13 anos, esses jovens podem ingressar na Equipe da UFJF para a Confederação Brasileira de Atletismo (CBA) e passam a competir.

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Francisco Perrout, de 16 anos, em treinamento. (Foto: Géssica Leine)

Entre as estrelas que o projeto coleciona, a mais recente é Francisco Perrout, de 16 anos, que recentemente se classificou para o Campeonato Mundial de Atletismo Escolar, que será realizado na Turquia, esse ano, onde competirá na prova de três mil metros rasos.

Perrout ressalta o vínculo entre a extensão e os projetos de pesquisa: “A Equipe de Atletismo recebe os alunos de graduação da Faefid como estagiários para treinadores, e alunos de pós-graduação para realizarem suas pesquisas. Logo, nós vamos ter também mestres e doutores formados com o programa”.

Parlamento Jovem

Outro destaque da área é o programa Parlamento Jovem (uma parceria entre o Legislativo mineiro, a Câmara Municipal e a UFJF), no qual alunos do curso de Ciências Sociais da Universidade atuam como monitores nas escolas participantes, auxiliando os cerca de 120 estudantes de ensino médio a formular leis que serão, posteriormente, votadas na Câmara.

De acordo com a coordenadora do projeto, Christiane de Paula, o resultado é a ampliação da participação dos alunos nas escolas e nas comunidades: “Alunos considerados problemáticos apresentaram um engajamento surpreendente nos grupos de trabalho. É importante destacar o papel da Câmara Municipal, especialmente o trabalho do Sérgio Dutra, funcionário do Centro de Atenção ao Cidadão (CAC) e coordenador do programa.”

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O Projeto Minha Escola Sustentável é mais uma iniciativa da UFJF que aproxima o conhecimento acadêmico da população de Juiz de Fora.

Minha Escola Sustentável

Abordando todos os aspectos da educação ambiental, o programa desenvolve atividades lúdicas, palestras e visitas com os jovens da Escola Estadual Batista de Oliveira, no bairro Vitorino Braga. A proposta é construir conhecimentos práticos sobre saúde ambiental e fomentar a curiosidade sobre o tema e sobre a cidade nos alunos de ensino médio e fundamental. Conforme o coordenador, Marconi de Moraes, em um ano cerca de mil alunos já foram impactados pela iniciativa.

O Adolescente Sexualmente Falando

Desde 2013, o programa vem contribuindo para a educação e emponderamento sexual e reprodutivo dos alunos da rede municipal de ensino. Tratando de temas como o uso adequado de preservativos e oferecendo um espaço para o debate e a troca de informações, o projeto já alcançou 332 adolescentes. O próximo passo, conforme a coordenadora, Zuleyce Lessa, é atender os jovens em tratamento pelo Serviço de Assistência Especializada (Sae).

A pró-reitora Ana Lívia ressalta que atender a população que vive no entorno da Universidade, fazendo com que se sintam acolhidos no campus é uma prioridade desta gestão. “Vamos oferecer possibilidades de extensão para incluir mais os moradores dos bairros vizinhos, promovendo ações que os façam se reconhecer nesse espaço”, pontuou.

Veja a lista completa dos Programas e Projetos de Extensão

*Foto abertura: Caique Cahon