Um dos objetivos do estudo é analisar diversidade de árvores e comparar com outras áreas de MG

Um dos objetivos do estudo é verificar a diversidade de árvores e comparar com outras regiões de Minas Gerais (Foto: Divulgação/Equipe do projeto)

A flora pouco conhecida e o potencial de colaborar para a indução e o controle do ecoturismo foram o ponto de partida para pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) dedicarem estudos ao Parque Estadual da Serra do Papagaio, no Sul de Minas Gerais. Equipe de professores e alunos estuda a diversidade de árvores de pequenas matas, chamadas manchas florestais, localizadas entre campos rochosos, conhecidos como capões. Essas áreas há cerca de 2 mil metros de altitude despertam interesse por apresentarem espécies distintas, peculiares e pouco estudadas. Atividades em paralelo também visam elaborar aplicativo para celular sobre a flora local. 

Por meio de expedições mensais, a equipe coordenada pelo professor do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) Fabrício Alvim Carvalho demarcou cem parcelas de 200 metros quadrados em dez capões, localizados na área do parque, em Baependi, a 161 quilômetros de Juiz de Fora. O objetivo principal do projeto é conhecer a diversidade de cada capão e saber se essas áreas florestais diferem entre si, o que ainda é uma incógnita para os pesquisadores. Também é importante entender as semelhanças entre a flora da área estudada e a de outras regiões em Minas Gerais.

levantamento_arvores_capoes_serra_papagaio_UFJFAs viagens têm duração média de sete dias e, nesse período, o grupo faz o levantamento florístico e as análises quantitativas das áreas. Já foram analisadas 84 das cem parcelas demarcadas e recolhidas amostras de cerca de 500 plantas em cada capão. Acompanhados de ferramentas essenciais, como tesouras de poda, a equipe recolhe amostras de flores, frutos e folhas para fazer o reconhecimento das espécies e mede o diâmetro das árvores. Também analisa quantitativamente, para determinar o número de indivíduos e como eles estão distribuídos. 

Cada árvore é permanentemente identificada com uma plaquinha. O objetivo é que, dentro de cinco a dez anos, outro grupo retorne ao local e meça novamente essas plantas. “Esses estudos de longa duração são importantes para entender a dinâmica da floresta, se ela está crescendo ou não, se está sofrendo algum impacto ou se novas espécies estão surgindo”, explica o aluno do Doutorado em Ecologia da UFJF e participante do projeto, José Hugo Ribeiro. Também participam da pesquisa os alunos do Mestrado em Ecologia Lucas Santana e Júlia Gaio.

Após o levantamento, começa outra etapa do projeto, o reconhecimento das espécies. As amostras são transportadas para a UFJF, triadas e analisadas em herbários, onde são comparadas com outras arquivadas e descritas. Caso não consigam chegar a uma conclusão sobre a espécie a que pertencem, a equipe envia amostras para outros especialistas. 

Continuidade

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Dois integrantes da pesquisa (ao centro) nos campos rochosos após reconhecimento da área e levantamento de amostras nas matas (Foto: Divulgação/Equipe do projeto)

O projeto começou em novembro de 2014, com monitoramentos desde 2010, e as atividades incentivam o desenvolvimento de outras pesquisas, como trabalhos de iniciação científica e dissertações de mestrado. Um dos estudos analisa a relação entre o solo e as gramíneas. Futuramente, as parcelas demarcadas nos capões também poderão ser exploradas para levantamento sobre bromélias e orquídeas e a respeito da composição da fauna.

Outra iniciativa em desenvolvimento é o guia para smartphones sobre a flora do parque. A ideia é que as informações mais importantes dos estudos integrem um guia com as características ecológicas. “O parque agora tem projeto de implantação de trilhas ecológicas, e a gente quer atrelar essa informação científica ao ecoturismo”, afirma o professor Fabrício Alvim. O conhecimento sobre a flora também auxiliará a elaboração de políticas públicas para o parque, como regras para o ecoturismo.

O projeto principal recebeu financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e da Coordenação Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), além de bolsas de iniciação científica da Pró-reitoria de Pós-graduação, Pesquisa e Inovação da UFJF.

Outras informações: (32) 2102-3267 (Gabinete do professor Fabrício Alvim)
 (32) 2102-3207 (Departamento de Botânica do ICB)