A Galeria Prof. Edson Pável Bastos do CAp. João XXIII recebeu a exposição “Inflar” como parte do Projeto Arte em Trânsito. O projeto da artista Bruna Gonçalves relacionou seu próprio trabalho com a proposta de desenvolver materiais didáticos inspirados na artista e escultora brasileira Lygia Clark, de forma a instigar a sensibilização dos alunos ao toque.

A professora de Artes Visuais e coordenadora do Arte em Trânsito, Renata Caetano, explica que quando são montadas exposições que “saem da parede”, os alunos não sabem como se comportar perante àquilo e, consequentemente, percebemos uma tendência à um processo de destruição dos materiais. Isso nos levou a dialogar com a Bruna no sentido de pensar uma exposição para trabalhar tal questão.

Pensando na proposta da exposição como material pedagógico, a artista desenvolveu um trabalho de instalação de origamis feitos de papel laminados e objetos distribuídos pelo colégio envoltos do papel, com fitas de sinalização zebrada. O objetivo era estimular nas pessoas que passassem pelo local a percepção de seus movimentos, vasculhar as formas e escutar os sons desses objetos, acompanhando o processo de destruição deles. Inicialmente, tratou-se de uma proposta que retrata a fragilidade do material, mas que em sua potência se propõe a construir o espaço física e sonoramente.

Bruna também visitou algumas turmas do 4º ano do Ensino Fundamental para fazer atividades com os alunos, utilizando os materiais didáticos de sensibilização para criar relações com as sensações com exposição. Além disso, ao longo da semana as crianças participaram de oficinas de origami no horário do recreio para aprenderem a fazer balões de papel. Com isso, começou a segunda etapa da exposição: a entrada dos trabalhos das crianças no lugar onde se destruiu o da artista. Ao final, recompuseram a “penca” de balões anteriormente destruída com trabalhos das crianças.

Renata afirma que os ganhos com a exposição serão percebidos a longo prazo, mas o início já começou: “Sentíamos a necessidade desse toque, para que eles entendessem que podem modular a forma de se relacionar com a obra de arte. Essa exposição teve uma proposta pedagógica em várias frentes: com os pais, funcionários da escola e com os alunos, mostrando que existem outras formas de fazer arte, e que ela não precisa ser só destruída mas também apreciada.”