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Profissionais da imprensa debatem 1968 através das páginas dos jornais

Isabella Rocha e Vinícius Guida

Foi realizada nesta segunda-feira (15), a mesa “1968: nas páginas do jornais”, no XVI Encontro Regional de Comunicação na Universidade Federal de Juiz de Fora. Mediada pela professora Sonia Vírginia Moreira, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM/UFJF), tiveram a palavra a jornalista Denise Assis, o diagramador Ivanir Yasbeck e o fotojornalista Evandro Teixeira, todos profissionais do Jornal do Brasil durante a Ditadura Militar.

Assis, integrante da Comissão da Verdade do Rio de Janeiro, destacou a importância da imprensa em atos políticos desde o século XIX, quando o primeiro jornal brasileiro, o “Correio Braziliense”, de Hipólito da Costa, era feito na Inglaterra e circulava no Brasil com críticas à Coroa Portuguesa. A jornalista apontou que a cobertura dos jornais no ano de 1968 começou apoiando o movimento estudantil da época, mas se modificou após a chamada Batalha da Maria Antônia em que estudantes da Universidade de São Paulo entraram em embate com os da Universidade Presbiteriana Mackenzie, que tinha entre seus alunos policiais civis e militares, alguns deles ligados a grupos paramilitares de direita, como o Comando de Caça aos Comunistas (CCC). “O trabalho realizado pelo Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais em parceria com o empresariado e com a imprensa solidificou a ideia de que o povo apoiou o golpe, mas na realidade foi algo muito bem articulado”, relata Assis.

foto_EvandroTeixeira

Sobre o Jornal do Brasil, Yasbeck destacou a inovação em relação à diagramação do jornal, dando maior liberdade à redação. Teixeira relatou que algumas fotos que nunca teriam sido capa em outros veículos da época tinham destaque no JB, como, por exemplo, quando cobriu a inauguração de uma exposição de armas da Guerra Civil do Paraguai. Ele conta que esperava que a foto escolhida fosse a do então presidente, Costa e Silva, cortando a fita da inauguração da exposição. No entanto, em detrimento dessa, a escolhida foi a poética imagem de libélulas apoiadas em baionetas.

Assis ressaltou a correlação do momento histórico vivido durante 1964 e 1985 com a atualidade. A pesquisadora da Comissão da Verdade salienta que o Brasil é o país latino-americano que mais documentou o período ditatorial. Ela recuperou imagens censuradas e organizou uma exposição, ainda com o risco vermelho que indicava o veto. “No momento está havendo, oportunisticamente, uma desconstrução desse momento histórico que a gente viveu”, disse a jornalista. Assis ainda completou dizendo que não precisamos reescrever a história, mas aprofundá-la e estudá-la melhor.

Escute a entrevista com Denise Assis clicando aqui.