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Movimento estudantil: 50 anos de resistência

Hsu Ya Ya e Tamara Rothier

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Neste ano, o XVI Encontro Regional de Comunicação (ERECOM) acontece entre os dias 15 e 17 de outubro, em conjunto com o I Ciclo de Estudos do PPGCOM na Faculdade de Comunicação (FACOM) da UFJF. Durante o evento, a programação começa às nove horas, com debates temáticos sobre o ano de 68, e termina às 19 horas com apresentações culturais nos três dias do evento.

Em 2018, o tema do ERECOM é “1968: Lembrar e Pensar”. Nesta terça-feira (16/10), a quinta mesa trouxe para os participantes a discussão sobre o “Movimento Estudantil: 50 anos de resistência”. A conversa procurou traçar um comparativo entre o movimento estudantil dos anos de 1968 e de 2018, além de exaltar a comemoração dos 50 anos de resistência desta classe. A mesa contou com a participação dos convidados Rogério de Campos, Marilea Porfírio, José Luís Guedes, Nair Guedes e da representante do Diretório Acadêmico Vladimir Herzog (FACOM), Débora Mattos, e contou com a mediação do professor Paulo Roberto Figueira Leal (FACOM/UFJF).

 

 

52 anos de companheirismo e resistência

O casal Nair e José Luís Guedes se conheceu durante os movimentos de luta e resistência quando do endurecimento do regime militar. Juntos, eles enfrentaram as dificuldades e a perseguição imposta, principalmente, após a decretação do Ato Institucional nº 5 (AI-5).

Apesar de serem oriundos de classes sociais distintas, José Luís era um estudante de Medicina de classe média e Nair uma acadêmica que veio da zona rural para cursar Serviço Social na capital mineira, os jovens se uniram para conscientizar os trabalhadores sobre a realidade de violência imposta à sociedade brasileira. O envolvimento com a guerrilha custou a prisão do casal e impôs o exílio na França.

Mesmo com essa perseguição, José Luís relatou sua vivência da seguinte forma: “Não sofri, nem me cansei. Tenho recordações muito boas. Foi a primeira vez em que enriqueci olhando para fora de mim”. Ele ainda afirmou que teve a sorte de fugir antes da tortura e que o exílio foi uma oportunidade de crescimento profissional e uma chance de oferecer novas experiências para seus filhos. José fechou sua participação com a emblemática frase “Ditadura nunca mais!”, lembrando da importância de se conversar sobre o tema para evitar repetições históricas.

 

A retomada de consciência

A convidada Marileia Porfírio, que também participou do movimento estudantil durante o período da ditadura vigente no país, e assim como José Luís, estava presente na Juventude Universitária Católica (JUC) em 1966, enquanto cursava Serviço Social.

Marileia ainda contou que não se sentia bem ao retomar este momento escuro de sua vida, mas que viu a necessidade de compartilhar os relatos vividos após ser anistiada e reparada pelo Estado em 2012. Trabalhou ainda com mulheres que foram vítimas de violência doméstica enquanto exercia o seu cargo como assistente social, fazendo-a ter consciência de que a tortura vivida por ela deveria, sim, servir como exemplo de que a ditadura aconteceu no Brasil e de que não devemos deixar que este momento obscuro da história do país se repita, assim como enfatizou a importância do movimento estudantil para a difusão do saber, além da possibilidade de diálogo que traz consigo.

 

Um mineiro na Passeata dos Cem Mil

O juiz-forano Rogério de Campos esteve presente na histórica Passeata dos Cem Mil, que aconteceu no centro do Rio de Janeiro, em 26 de junho de 1968. Na época já atuava como militante no Partido Comunista Brasileiro (PCB). Porém, a luta vem desde a época em que era secundarista no Colégio Cristo Redentor – Academia de Comércio, em Juiz de Fora.

Rogério relatou ainda que, ao rememorar um pouco da história nacional sobre 68, encontrou no livro do jornalista Fernando Gabeira a fotografia icônica da histórica passeata. Nela foi possível encontrar uma figura familiar, que seria ele mesmo durante a sua juventude como militante e que ocasionou sua primeira prisão. Durante a conversa, Rogério não mencionou as torturas físicas e psicológicas que sofreu nos calabouços da ditadura militar.

 

A nova juventude militante

A aluna e membro do Diretório Acadêmico da Faculdade de Comunicação, Débora Mattos, falou brevemente como o movimento estudantil se organiza nos dias atuais. A acadêmica contou que se sentiu privilegiada ao participar da mesa com pessoas que fizeram parte do movimento de resistência durante a ditadura militar. Disse ainda que a juventude tem muito a aprender com a experiência de luta dos convidados.

 

 

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