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Informativo 628 – Litoral de Minas; pássaro gigante e 2 mil anos

1 – O último litoral de Minas

2 – Cientistas identificam pássaro pré-histórico gigante

3 – Floresta Amazônica cresceu após mudança climática há 2 mil anos

 

1 – O último litoral de Minas

 

Uma equipe de geólogos e paleontólogos da USP e da Unesp encontrou em Januária (MG) um tipo de fóssil especial: diminutos fragmentos de animais marinhos 

Com pouco menos de 70 mil habitantes, o município de Januária, no norte de Minas Gerais, é conhecido hoje por suas cachoeiras, grutas calcárias e cachaças artesanais, cujas virtudes derivam, segundo os produtores, do clima e da umidade natural do solo local, bom para o cultivo de cana-de-açúcar destinada à fabricação da aguardente.

 

Sua posição geográfica estratégica, na margem esquerda de quem sobe o grande São Francisco, chamado de opará (rio-mar) pelos antigos índios da região, fez com que fosse um importante porto e entreposto comercial na época colonial. Vestígios de um passado muito mais remoto, quase imemorial e também marcado por uma relação íntima com as águas, acabam de vir à tona em pedreiras ainda ativas nos arredores da cidade.

 

Uma equipe de geólogos e paleontólogos da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp) encontrou ali um tipo de fóssil especial: diminutos fragmentos de animais marinhos do gênero Cloudina, seres de formato tubular compostos por uma sucessão de cones calcários encaixados uns sobre os outros.

 

Os restos dos animais, que viveram na Terra por volta de 550 milhões de anos atrás, estavam incrustados em um paredão e em outros afloramentos constituídos de rochas da Formação Sete Lagoas, que faz parte do Grupo Bambuí. Unidade sedimentar da bacia sanfranciscana, o Bambuí se espalha por aproximadamente 300 mil quilômetros quadrados e abarca vastas porções de Minas Gerais e da Bahia, além de se estender para os estados de Goiás, Tocantins e Distrito Federal.

 

Os fósseis são uma prova praticamente irrefutável de que, pouco mais de meio bilhão de anos atrás, um braço de mar, raso, com no máximo 10 metros de profundidade, cobria essa parte do Brasil. “Essa deve ter sido a última praia que Minas Gerais teve”, comenta, com bom humor, o geólogo Lucas Warren, hoje professor do Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE) de Rio Claro, da Unesp, mas que fazia pós-doutorado na USP, com bolsa da FAPESP, quando a descoberta foi feita, no ano passado.

 

O pesquisador é o autor principal de um artigo na edição de maio da revista científica Geology sobre a descoberta dos fósseis em Januária. “Até agora ninguém havia seguramente encontrado fósseis de animais no Grupo Bambuí”, afirma Warren, que contou com a colaboração de Fernanda Quaglio, especialista em paleobiogeografia, para identificar os fósseis.

 

“Além das cloudinas, também achamos ao menos três fragmentos atribuídos ao gênero Corumbella e rastros em rocha deixados provavelmente por um animal de corpo mole.” Também dotadas possivelmente de um esqueleto, as corumbellas dividiam o mesmo ambiente marinho com as cloudinas.

 

A equipe que coletou os fósseis de Januária incluiu ainda o geólogo Nicolás Strikis, doutorando da USP, também autor do artigo, e um biólogo da cidade mineira, Hamilton dos Reis Salles. Em 2012, o próprio Warren e colegas da América do Sul já tinham encontrado cloudinas e corumbellas em Puerto Vallemí, localidade do norte do Paraguai (ver Pesquisa FAPESP nº 199).

 

Leia a reportagem completa em http://revistapesquisa.fapesp.br/2014/06/16/o-ultimo-litoral-de-minas/ (Marcos Pivetta/ Agência Fapesp).

 

2 – Cientistas identificam pássaro pré-histórico gigante

 

Com uma envergadura de 6,4 metros, ave que viveu entre 25 milhões e 28 milhões de anos atrás seria a maior a já ter voado no céu do planeta

Um fóssil encontrado nos EUA revelou ser de um pássaro gigantesco que capturava peixes ao planar sobre o oceano entre 25 milhões e 28 milhões de anos atrás. Com uma envergadura de 6,4 metros, maior que a altura de uma girafa, acredita-se que o pássaro pré-histórico, batizado Pelagornis sandersi, seja a maior ave que já voo no céu da Terra.

 

O esqueleto do pássaro gigante foi descoberto em 1983 no estado americano da Carolina do Sul, mas sua descrição formal só foi publicada na edição desta segunda-feira do periódico científico “Proceedings of the National Academy of Sciences”. Daniel Ksepka, do Museu Bruce, em Greenwich, Connecticut, é o principal autor do artigo e afirma que o animal provavelmente era incapaz de pousar na água e mesmo em terra era extremamente desajeitado.

(O Globo)

http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/cientistas-identificam-passaro-pre-historico-gigante-13169025#ixzz36sh8ON00

 

3 – Floresta Amazônica cresceu após mudança climática há 2 mil anos

 

Cientistas afirmam que uma mudança para condições mais úmidas, talvez causadas por alterações naturais na órbita da Terra ao redor do Sol, levaram ao crescimento de mais árvores a partir de 2.000 anos atrás

Faixas da Amazônia podem ter sido pradarias até uma mudança natural para um clima mais úmido há cerca de 2.000 anos ter levado à formação da floresta tropical, de acordo com um estudo que desafia a crença comum de que a maior floresta tropical do mundo é muito mais velha.

 

A chegada de doenças europeias após Cristóvão Colombo ter cruzado o Atlântico em 1492 também pode ter acelerado o crescimento de florestas com a morte de populações indígenas que utilizavam a região para agricultura, escreveram os cientistas no periódico científico norte-americano ProceedingsoftheNationalAcademyofSciences (PNAS).

 

“O ecossistema dominante era mais como a savana do que a floresta tropical que vemos hoje”, disse John Carson, que liderou a pesquisa na Universidade de Reading, na Inglaterra, sobre o sul da Amazônia.

 

Os cientistas disseram que uma mudança para condições mais úmidas, talvez causadas por alterações naturais na órbita da Terra ao redor do Sol, levaram ao crescimento de mais árvores a partir de 2.000 anos atrás.

 

Os cientistas estudaram aterros feitas pelo homem, descobertos recentemente após desmatamento na Bolívia, que incluíam valas de até 1 quilômetro de comprimento e de até 3 metros de profundidade e 4 metros de largura.

 

Eles encontraram grandes quantidades de pólen de grama em sedimentos antigos de lagos próximos, sugerindo que a região era coberta por uma savana.

 

Eles também encontraram evidências de plantações de milho, o que aponta para a agricultura. A Amazônia tem sido tradicionalmente vista como uma floresta tropical primitiva e densa, povoada por populações caçadoras-coletoras.

 

Nos últimos anos, no entanto, arqueólogos descobriram indicações de que povos indígenas viveram na selva densa, mas conseguiram abrir espaço de terra para agricultura.

 

O estudo publicado no periódico PNAS sugere uma nova ideia de que a floresta simplesmente não existia em algumas regiões.

 

As “descobertas sugerem que, em vez de ser uma floresta de caçadores-coletores, ou de desmatadores de florestas em grande escala, os povos da Amazônia de 2.500 a 500 anos atrás eram agricultores”, disse a Universidade de Reading em um comunicado.

 

Carson disse que, talvez, um quinto da bacia da Amazônia, no sul, pode ter sido savana até essas transformações naturais, ao passo que floresta cobriria o território restante.

 

Em um lago, o Laguna Granja, plantas de floresta tropical somente teriam tomado o lugar da grama como principais fontes de pólen em sedimentos há cerca de 500 anos, sugerindo uma ligação com a chegada dos europeus.

 

O propósito dos aterros é desconhecido – eles podem ter sido utilizados para defesa, drenagem ou para propósitos religiosos. A compreensão da floresta pode ajudar a resolver enigmas impostos pelas mudanças climáticas.

 

A floresta Amazônica afeta a mudança climática porque suas árvores absorvem dióxido de carbono, um gás de efeito estufa, à medida que crescem, e o liberam quando apodrecem ou quando são queimadas. O Brasil tem reduzido os níveis de desmatamento nos últimos anos. (Info Abril, via Reuters)

http://info.abril.com.br/noticias/ciencia/2014/07/floresta-amazonica-cresceu-apos-mudanca-climatica-ha-2-000-anos-diz-estudo.shtml